quinta-feira, 29 de novembro de 2012


Maria, entre a Lei e o Espírito

Publicado em 29 de março de 2012 \\ Artigos
Neste encontro, queremos contemplar a humildade obediente de Maria e sua atitude aberta diante da voz do Espírito que lhe fala por intermédio da voz de Simeão e de Ana. Esse texto é conhecido, mas vale a pena rezá-lo e compreendê-lo a fim de saber a relação existente entre o cumprimento da Lei de Deus e a força do Espírito Santo. Procure rezar também a sua vida cristã. Muitas vezes somos guiados pelo Espírito Santo em situações “obscuras” e incompreensíveis. O importante é abandonar-se nas mãos de Deus, mesmo não sabendo por onde ele nos conduzirá.
Antes de começar sua oração, leia Lc 2, 22-40
A primeira manifestação de Jesus é seu nascimento da Virgem Maria. Somente alguns humildes pastores foram render-lhe homenagem. Neste episódio da purificação de Maria e da apresentação de Jesus no Templo também há humildade e louvor a Deus. Os humildes São José e Maria cumprem a Lei e fazem a oferta dos pobres: um par de rolas ou dois pombinhos. Simeão e Ana são dois anciãos sem fama, porém movidos pelo Espírito Santo acolhem o menino no Templo. Naquele momento, a Lei e o Espírito estavam presentes, mas não há contradição entre os dois.
Consideremos por alguns instantes a nossa vida: ela está repleta de leis e preceitos de todo tipo (código de trânsito, leis tributárias, Constituição, código penal…). Também Deus, por meio da Igreja, nos dá algumas normas de conduta e alguns preceitos legais.
  • Acreditamos que as leis servem para alguma coisa?
  • Como reagimos diante das normas da Igreja?
Escutamos a Palavra de Deus antes de darmos respostas a essas questões. É evidente que temos de admitir que as normas (humanas e divinas) têm um valor. A obediência não é fácil. Diante disso, pode acontecer que nos limitemos a cumprir as normas sem questionamentos, ou que tentemos recusar a obediência àqueles preceitos que nos causam aborrecimento.
Seja como for, a passagem que vamos refletir mostra-nos como é possível, imitando Maria, harmonizar, perfeitamente, obediência e liberdade no Espírito Santo.
Prepare seu coração por alguns segundos e leia com atenção Lc, 2, 22-40.
Voltando a considerar nossa vida, o “SIM” de Maria não foi pronunciado somente na Anunciação. Maria disse “SIM” todos os dias de sua vida. Como estava cheia do Espírito Santo, percebia a presença de Deus em todas as coisas. É o Espírito Santo quem nos ajuda a descobrir a vontade de Deus em cada momento de nossa vida. A Lei de Moisés era a expressão dessa vontade divina . E foi o mesmo Espírito Santo que falou em Simeão e Ana. Voltemos, portanto, a refletir sobre a nossa vida:
  • Somos mais movidos pelo Espírito Santo ou pelo espírito da Lei?
  • De que maneira as normas da Igreja nos ajudam a viver a fé?
  • O que podemos aprender de Maria? 
O texto de Lc 2, 22-40 é marcado pelo contraste entre Lei e Espírito. A menção da “Lei” aparece no começo (Lc 2, 22-24), no meio (Lc 2, 27) e no final (Lc 2, 39). No total, cinco vezes, sempre em relação a Maria, José e Jesus. Por outro lado, faz-se referência ao Espírito Santo em três ocasiões, sempre com referência a Simeão.
José, Maria e Jesus foram ao Templo para cumprir a Lei do Antigo Testamento, ao passo que Simeão representa o novo povo de Israel com o esplendor do Espírito Santo, próprio do Novo Testamento. No entanto, nem a Lei é inútil no Novo Testamento, nem o Espírito estava ausente no Antigo Testamento. Tanto no Antigo como no Novo Testamento o velho e o novo se entrelaçam intimamente. Na passagem contemplada em Lc 2,22-40, a Lei e o Espírito caminham juntos. No Templo, os pais de Jesus, que vão cumprir a Lei, encontram-se com Simeão, que canta louvores a Deus. Tais louvores são inspirados pelo Espírito Santo.
Maria ouviu diversas mensagens divinas pronunciadas por diferentes personagens do evangelho de Lucas na Anunciação, na Visitação e “guardava todos esses acontecimentos no seu coração” (Lc 2,19).
O hino de Simeão anuncia-lhe agora, da parte do Espírito Santo, algo mais: a salvação que esse menino traz é universal, isto é, para todas as nações. Maria é aquela pessoa que cumpre a Lei e está cheia do Espírito. Porque está cheia do Espírito Santo é capaz de
cumprir a Lei. A Lei sintetiza os dois maiores mandamentos: o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Lc 10,27). Para que a Lei seja cumprida é necessário um coração novo, lembrando Ezequiel 36, que só o Espírito Santo pode dar. E Maria possuía este coração (Lc 1,21). Maria é uma criatura nova, salva, que vive uma atitude nova diante de Deus. De fato, sua vida foi um processo de esperar constantemente o Espírito: no começo de Lucas, abre-se ao Espírito de Deus na anunciação e na encarnação; em Atos, reza aguardando, j
untamente com os Apóstolos, a vinda do Espírito Santo em Pentecostes.
Por fim, Simeão revela a Maria que o menino será gerador de discórdia, espada que divide e que julga. E ela terá a alma transpassada por uma espada. No Novo Testamento repete-se com frequência que a obediência a Deus e o sofrimento por causa dele estão sempre unidos. Os Apóstolos e uma multidão incontável de homens e mulheres foram perseguidos por causa do nome do Filho de Deus. No entanto, esse é o caminho da fé e da obediência no seguimento de Jesus Cristo. A exemplo de Abraão, nosso pai na fé, teremos que passar pela obscuridade e pela prova para tornar a fé digna de crédito. Também Maria, é modelo dos que crêem. Ela é a Virgem que sabe ouvir e obedecer à Palavra de Deus.
Pe. José Roberto Bertasi, MSC – é Reitor do Santuário de N. Sra da Agonia em Itajubá-MG
Fonte: REVISTA DE NOSSA SENHORA – EDIÇÃO DE ABRIL DE 2012
EMANUEL ARAUJO CRISTAO=GARANHUNS

Nenhum comentário:

Postar um comentário