Oração, jejum e penitência: atos importantes da nossa íntima união com Deus
Postado por: homilia
junho 20th, 2012
O texto de hoje nos ajuda a fazer uma reflexão,
uma introspecção. Estamos diante de um Evangelho que determina o nosso ser
cristão. É, diria eu, o termômetro da nossa própria fé católica. E não poderia
existir passagem melhor do que esta de hoje.
A prática da justiça, no sentido religioso,
significava a busca de justificação diante de Deus. As mais consagradas eram: a
esmola, a oração e o jejum. Por esta prática, o piedoso judeu julgava-se justo
diante de Deus. Com atitude ostensiva, os líderes religiosos do templo e das
sinagogas afirmavam seu prestígio e poder.
A penitência, muitas vezes vista como uma prática
de sofrimento, na verdade tem o caráter modificador, que nos transforma e nos
faz perceber que podemos viver sem certas coisas do mundo.
Compreendemos que os sacrifícios feitos deverão,
portanto, ser fonte de crescimento, de amadurecimento espiritual e não motivo de
promoção pessoal. Por isso não devem ser expostos ao mundo, pois é
interioridade, é intimidade com Deus.
Isto vale para todos os nossos atos religiosos ou
aparentemente humanitários. Não podem ser forma de se vangloriar de sua bondade,
mas de promover sua espiritualidade e também o bem de outras pessoas.
“Sê assíduo à oração e à meditação. Disseste-me
que já tinhas começado. Isso é um enorme consolo para um Pai que te ama como Ele
te ama! Continua, pois, a progredir nesse exercício de amor a Deus. Dá todos os
dias um passo: de noite, à suave luz da lamparina, entre as fraquezas e na
secura de espírito; ou de dia, na alegria e na luminosidade que deslumbra a
alma.
Se conseguires, fala ao Senhor na oração,
louva-o. Se não conseguires, por não teres ainda progredido o suficiente na vida
espiritual, não te preocupes: fecha-te no teu quarto e põe-te na presença de
Deus. Ele ver-te-á e apreciará a tua presença e o teu silêncio. Depois,
pegar-te-á na mão, falará contigo, dará contigo cem passos pelas veredas do
jardim que é a oração, onde encontrarás consolo. Permanecer na presença de Deus
com o simples fito de manifestar a nossa vontade de nos reconhecermos como seus
servidores é um excelente exercício espiritual, que nos faz progredir no caminho
da perfeição.
Quando estiveres unido a Deus pela oração,
examina quem és verdadeiramente; fala com Ele, se conseguires; se te for
impossível, detém-te, permanece diante dele. Em nada mais te empenhes como
nisso”.
Não se trata de conceber a oração interior, livre
de todas as formas tradicionais, como uma piedade simplesmente subjetiva e de
opô-la à liturgia, que seria a oração objetiva da Igreja; através de toda a
verdadeira oração, alguma coisa se passa na Igreja e é ela própria quem reza,
porque é o Espírito Santo que vive nela que, em cada alma única, “intercede por
nós com gemidos inefáveis” (Rom 8, 26). E essa é, justamente, a verdadeira
oração, porque “ninguém pode dizer ‘Jesus é o Senhor’ senão por influência do
Espírito Santo” (1Cor 12, 3). O que seria a oração da Igreja se não fosse a
oferenda daqueles que, ardendo com grande amor, se entregam ao Deus que é
amor?
Jesus nos mostra, neste texto, ao falar da
oração, jejum e caridade de forma consciente o momento e o ato mais importante
da nossa íntima união com Ele. E nos faz saber que estes atos devem ser livres e
desimpedidos, desinteressados de reconhecimento. A partir do momento em que
vivemos estas três lições de Cristo oração, jejum e penitência, em nossas vidas,
tudo em nós será um eterno aleluia. Jesus terá verdadeiramente ressuscitado em
nós.
Espírito de piedade ensina-me o modo de agir que
realmente agrade ao Pai, e mereça a recompensa divina.
Padre Bantu Mendonça
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