domingo, 17 de julho de 2011

Armadura & Armas


 
A localização da Palestina no encontro de três continentes lhe deu uma importância estratégica no Velho Mundo de proporções um tanto superdimensionadas. Circundada pelas grandes potências militares (Egito, Mesopotâmia, os hititas de Anatólia), aquela faixa de terra era constantemente alvo das ambições agressivas de outras nações. A invenção de novas armas, fortificações e táticas exerceram profunda influência sobre outras invenções. Inovação tática de um lado levava a invenção de contra-armas de outro.
Os três elementos básicos da arte de guerrear são mobilidade, poder de fogo e segurança. As armas em si raramente determinavam os resultados da batalha, particularmente quando ambos os lados estavam competindo equilibradamente.
A habilidade com que estratégia e tática foram disponibilizadas, o espírito do comandante em dirigir sua tropa e a precisão com que elas manejam suas armas foram fatores importantes em muitas batalhas mencionadas na Bíblia. Se bem que a Bíblia deixa claro que o fator mais decisivo para o sucesso de Israel na guerra foi sua obediência e a vontade de Deus.

ARMAS DE ATAQUE

O arsenal de um comando militar na antiguidade consistia da variedade de armas ofensivas destinadas a manter o inimigo envolvido a longo, médio e curto prazo. O arco e o estilingue eram as principais armas desenvolvidas para um conflito de longa distância, o dardo e a lança para média distância; a espada, o machado e a clava para curta distância.

ARCO

Os primeiros arcos eram feitos de uma peça de madeira sazonal. Nenhum tipo de arco de madeira, entretanto, tinha a leveza, rigidez e elasticidade requerida. Pouco a pouco pensou-se em combinar diversas madeiras naturais, partes de chifre e tendões de animal, e chegar-se à construção de um arco que conjugasse todas as demandas. A composição do arco resultante tornou-se uma arma de suprema importância. O arco de corda era feito de cipó, corda natural, couro curtido ou de intestinos de boi ou camelo. O arco era retesado com a mão (II Reis 13:16), usualmente curvado com o pé, o que requeria força considerável. (II Samuel 22:35; Jeremias 51:3)

FUNDA

Complementando o arco havia a funda, usada originalmente pelos pastores para afastar animais que molestassem suas ovelhas (I Samuel 17:40). A funda gradualmente assumiu importância como uma arma de guerra, sendo sua principal vantagem a simplicidade. Uma funda não só exigia pequena habilidade técnica para ser produzida, como as pedras usadas como projéteis estavam disponíveis no chão. Um fundista treinado podia atirar um míssil a 183 m de distância em qualquer terreno. A capacidade da funda para atirar em ângulo ascendente numa ladeira íngreme era particularmente importante num ataque a uma cidade cercada de fortificações. Sua principal desvantagem era que requeria treino intenso e experiência para conseguir habilidade no seu uso (Juízes 20:16).

DARDO E LANÇA

Essas duas armas eram empregadas para combates de média-distância e eram similares em aparência, mas diferentes em comprimento e operação. O dardo, geralmente mais leve e menor que a lança, era usado para lançamento. Parecia um grande arco que era arremessado com a mão. A lança era similar, porém maior, mais pesada e empregada inicialmente como uma arma contundente (Números 25:7-8). Os monumentos militares mais antigos conhecidos mostram que a lança já estava bem desenvolvida.

ESPADA

Um dos primeiros objetos feitos de ferro, a espada era empregada para perfurar ou golpear. A espada perfurante desenvolvida como uma lâmina estreita e longa, se afinava na ponta para furar o corpo. Suas bordas finas eram tão afiadas que podiam servir como instrumento de corte. A espada golpeante, por outro lado, tinha somente uma borda afiada, com a parte mais larga da lâmina não no centro mas ao longo de sua borda cega. Essa espada era quase sempre curva, dando-lhe muitas vezes a aparência de uma foice, mas com a borda externa, convexa afiada como a lâmina cortante. O amplo uso das espadas de lâmina longa naquele tempo, explicam a frase repetidamente usada na Bíblia para descrever as conquistas de Josué sobre os cananitas: Josué os atingiu com a borda da espada (Josué 8:24; 10:28-39). Essa expressão seria imprópria para a ação de uma espada curta, reta e estreita usada como uma arma contundente. Um excelente exemplar de espada curva foi encontrado em Gezer na Palestina, no túmulo de um nobre, datando da primeira metade do século 14 AC. O mesmo tipo de lâmina foi também retratado numa antiga escultura em marfim de Megido, nos idos do séc 13 AC. Durante aqueles séculos ocorreram avanços na tecnologia de forjar o ferro, que se refletiram no desenvolvimento de espadas retas, muito usadas por alguns povos, entre eles os filisteus. No tempo de Saul, os filisteus usaram sua tecnologia para se estabelecerem como habitantes da cidade e como presença militar dominante na terra. Sua superioridade militar baseava-se em carruagens e numa infantaria equipada com armamentos pessoais de alta qualidade. Supervisionavam cuidadosamente a forjaria do metal bruto e impediam os israelitas de desenvolverem suas próprias forjarias (I Samuel 13:19-22). A alternância de poder dos filisteus para os israelitas não poderia ocorrer a menos que essa situação se modificasse.

CLAVA E MACHADO

A clava e o machado, desenvolvidos como alternativa para a espada antes que o metal bruto fosse forjado, eram destinados para luta manual. Consistiam de um punho de madeira comparativamente curto, uma de suas extremidades revestida de uma cabeça letal feita de pedra ou metal. As armas eram balançadas como um martelo para obter o efeito de um soco. A cabeça tinha que ser presa fortemente ao punho para prevenir que se soltasse ou quebrasse. O punho de ambos, tanto da clava quanto do machado, tinha que ser alargado, estreitando-se em direção à ponta, para prevenir que a arma escorregasse da mão do guerreiro quando manuseada. Essas armas eram carregadas na mão ou atadas à cintura através de um cinto. A clava era usava para surrar e esmagar, o machado para perfurar e cortar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário