sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Santo do Dia compartilhou uma foto.
Santo Agostinho de Hipona
(28 de Agosto)
FUNDADOR DA ORDEM DOS AGOSTINIANOS

Tão grande é a glória que Santo Agostinho adquiriu, pela sua conversão, santidade de vida e, não menos pelos seus escritos que, ao longo da história, mais de 150 congregações religiosas, quiseram ter a honra de combater sob sua bandeira e que reconhecem Santo agostinho, como fundador e pai.

Tagaste, cidade de Numídia, ao norte da África, era lugar tão insignificante, que talvez tivesse ficado completamente desconhecido, se não fosse a terra de Santo Agostinho. Seu pai era funcionário público e gozava de geral estima, pois era homem correto e leal. Chamava-se Patrício. Deus deu-lhe a graça da conversão ao cristianismo, pouco antes da morte. Agostinho nasceu aos 13 de novembro de 354. Sua mãe, Mônica, santa mulher, procurou dar ao filho uma educação correspondente à sua fé religiosa. Grande, porém, foi o desgosto que teve, ao ver que baldados lhe foram os esforços em conservá-lo no caminho do temor de Deus. Bem cedo Agostinho, esquecendo-se dos conselhos da mãe, caiu na escravidão do pecado, como mais tarde teve a nobre franqueza de confessar perante Deus. Causa desses desvarios, ele mesmo disse ter sido a leitura de maus livros.

Até a idade de 15 anos, fez os estudos em Madaura. Falta de recursos obrigou-o a interromper a freqüência da escola e voltou para Tagaste, onde permanceu, até que o pai tivesse conseguido os meios necessários para o filho poder continuar e terminar o curso em Cartago. Todos elogiavam a Patrício, pelo interesse que mostrava em proporcionar ao filho ocasião de fazer um curso brilhante nas escolas superiores. “Meu pai – assim se exprime Santo Agostinho – fez tudo para me adiantar neste mundo. Pouco se lhe dava, porém, de saber se eu era virtuoso, contanto que fosse eloquënte”.

Durante esse tempo, na idade de 16 anos, Agostinho se entregou de corpo e alma aos prazeres, invejando os companheiros, quando se ufanavam de indignidades por eles praticadas, que não lhe tinha sido possível a ele. O tempo que passou em Cartago foi a época mais triste de sua vida. Lá teve um filho, fruto do pecado. Agostinho deu-lhe o nome de Adeodato.

Indescritível era a tristeza e dor que a mãe experimentava, sabendo que o filho encontrava-se em estado tão lastimável. Essa dor ainda redobrou, quando soube que Agostinho se tinha filiado à seita dos maniqueus. Mônica chorou, como se tivesse perdido o filho pela morte. No entanto, não cessou de rezar pelo apóstata, e pediu a pessoas piedosas das suas relações, que unissem as orações às dela, para obter a graça da conversão de Agostinho. Este parecia ficar dia a dia mais orgulhoso e, completamente inacessível, se tornou aos rogos da mãe. Nove anos passou Agostinho nas trevas do erro herético. Mônica teve uma revelação de Deus, que lhe garantiu a conversão do infeliz filho.

Agostinho, entretanto, abriu em Tagaste e mais tarde em Cartago, um curso de retórica. Era um horizonte muito estreito demais Para sua ambição sem limites, que por ideal tinha, adquirir fama mundial; assim, um dia, resolveu ir para a Itália.

Mônica tudo fez para dissuadi-lo desse plano, ou pelo menos alcançar que a levasse em sua companhia. Agostinho, para se livrar das importunações da mãe, fingiu levar um amigo até as embarcações, enquanto ela se hospedaria num albergue perto do porto. Mônica passou a noite toda em oração e pranto e, quando chegou o dia, Agostinho já se achava em alto mar, em demanda de Roma. Chegado à cidade eterna, caiu gravemente doente. Logo que se restabeleceu, lecionou retórica, e as suas preleções tiveram grande afluência.

Na mesma Ocasião, achava-se em Roma uma comissão da cidade de Milão, para pedir ao Prefeito Simaco uma lente de retórica. Agostinho, por meio de proteção dos amigos maniqueus, conseguiu a preferência entre vários concorrentes e seguiu para Milão. Uma Das primeiras visitas que lá fez, foi ao santo Bispo Ambrósio, que o recebeu com toda a cordialidade.

Foi Deus quem guiou os passos do jovem que, sem o saber, já se achava nas malhas da graça divina. A amabilidade com que Ambrósio o tratava, a caridade que encontrava e, principalmente, a eloqüência arrebatadora do santo bispo, fizeram com que o coração de Agostinho se abrisse ao conhecimento da verdade. Se antes era de opinião que contra as provas do maniqueísmo não havia argumentação, as prédicas de Santo Ambrósio desfizeram essa pretensão. Pouco a pouco conheceu que o sistema da heresia apresentava grandes lacunas, e finalmente se curvou diante da força da verdade.

Agostinho pediu para ser inserido na lista dos catecúmenos. Sabendo quanta mágoa no passado causara à mãe, previa o grande prazer que lhe deveria causar a notícia de sua conversão. Mônica, de fato, veio a Milão, mas nenhuma demonstração deu de satisfação, por ter o filho deixado a heresia. Para Agostinho mesmo, seguiram-se dias de graves lutas internas, pois eram precisas resoluções hercúleas, para quebrar os grilhões de maus hábitos, adquiridos em longos anos e deixar-se levar unicamente pelo suave impulso da graça divina.

Em certa ocasião, recebeu a visita do amigo Ponticiano, que lhe contou a vida de Santo Antão. Foi a hora da graça triunfar. Agostinho confessa que, ao conhecer a vida do grande eremita, ficou profundamente comovido, e tão forte foi esta comoção, que se viu tomado de verdadeiro horror do pecado. Não foi só isto: Deus interveio diretamente na história desta célebre conversão. Quando um dia Agostinho se achava à sombra duma figueira, ouviu perfeita e distintamente as palavras: “Toma e lê”. Instintivamente abriu o primeiro livro que se lhe achava à mão. Eram as epístolas de São Paulo. Abrindo-o, topou com os versos: “Caminhemos como de dia, honestamente, e não em glutonarias e bebedeiras, não em desonestidades e dissoluções; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais uso da carnes em seus apetites”. (Rom 13, 13). Tendo lido isto, não quis mais prosseguir. Fez-se-lhe luz na alma. A tristeza estava-lhe transformada em alegria e, tomado dessa alegria, procurou o amigo Alípio, fazendo-o participante de sua satisfação. Alípio abriu o livro e leu adiante as palavras, que Agostinho não tinha visto: “Ao que é ainda fraco na fé, ajudai-o”. (Rom 14, 1) Apoderou-se também de Alípio grande comoção, que o levou a acompanhar Agostinho na conversão.

Não tardaram a levar à Santa Mônica esta boa nova. O coração da pobre mãe transbordou de alegria, quando a recebeu e ouviu de que modo se realizara a transformação no coração do filho. Deus tinha-lhe, afinal, ouvido-lhe a oração, e não só isto: A conversão de Agostinho dera-se de maneira tão extraordinária, como nunca podia esperar.

Depois, em companhia de sua mãe, de Navígio, seu irmão, Adeodato, seu filho e Alípio, retirou-se para a casa de campo de um amigo, a fim de preparar-se para o santo Batismo. Recebido este, renunciou a tudo que é do mundo: Riqueza, dignidades e posição. O único desejo que tinha era servir a Deus, sem restrição alguma e, para poder pô-lo em prática, formou uma espécie de congregação, composta de amigos e patrícios, que já se achavam em sua companhia. Mônica cuidava de todos, como se fossem seus filhos. Havia ainda uma dificuldade: achar um lugar onde pudesse, como desejava, viver em comunidade. Resolveram voltar para a África. Quando chegaram ao porto de Óstia, morreu Mônica, e Agostinho deu-lhe sepultura lá mesmo. Chegado a Tagaste, vendeu todos os bens, em benefício dos pobres. Escolheu um lugar perto da cidade onde, durante três anos, levou com os companheiros, uma vida igual à dos primeiros eremitas do Egito.

Negócios urgentes chamaram-no a Hipona. O bispo daquela cidade era Valério. Em diversas ocasiões se dirigiu aos diocesanos, expondo-lhes a necessidade de ordenar sacerdotes. O povo, conhecendo as virtudes e talentos de Agostinho, o propôs ao Antístite, como candidato digno. Embora Agostinho relutasse, alegando indignidade, Valério conferiu-lhe as ordens maiores. Uma vez sacerdote, Agostinho pediu ao Prelado licença para fundar um convento em Hipona e, para esse fim, Valério lhe deu um grande terreno, nas proximidades da Igreja.

Muitos outros conventos ainda se fundaram na África setentrional e Agostinho, com razão, é considerado fundador e organizador da vida monástica.

Em 395, a pedido e insistência do bispo Valério, foi Agostinho sagrado bispo. A nova posição não mais lhe permitia a permanência no convento. Para não perturbar a vida monástica, com as freqüentes visitas que havia de atender, transferiu residência para outra casa, onde foi viver em companhia de sacerdotes, diáconos e subdiáconos.

Naquela pequena comunidade, reinavam os costumes dos primeiros cristãos. A ninguém era permitido ter propriedade. O que possuíam, servia à comunidade. Ninguém era admitido, que não se ligasse pela promessa de sujeitar-se a esse regulamento.

À mulher, era vedada a entrada. Nessa proibição estava a própria irmã de Agostinho, que era viúva e superiora num convento religioso. Se o múnus pastoral lhe impunha a visita a uma pessoa de outro sexo, fazia-se acompanhar por um dos sacerdotes.

Duas ordens religiosas tiveram sua origem da comunidade fundada por Santo Agostinho em Tagaste: A dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho e dos Agostinianos, propriamente ditos, chamados também Eremitas de Santo Agostinho. Ambas as Ordens acham-se também estabelecidas no Brasil. Outra Congregação baseada nos ensinamentos de Santo Agostinho foi a da Congregação das Religiosas de Nossa Senhora, Cônegas Regulares de Santo Agostinho, fundada em 1597 por São Pedro Fourier e o venerável Aleixo lê Clerc.

No ano de 1244, durante o pontificado de Inocente IV, eremitas de Toscana também adotaram a regra. Duas outras congregações menores, que já viviam sob a regra agostiniana, acabaram unindo-se e os três segmentos uniram-se, formando uma só congregação. Posteriormente, a Ordem sofreu reforma e, dois novos segmentos (filiais) foram criados, ou seja, Ordem dos Agostinianos Descalços e a Ordem dos Agostinianos Recoletos.

35 anos tinha Santo Agostinho governado a Igreja de Hipona, quando a África sofreu a invasão dos Vândalos e Alanos que, vindo das Gálias e da Espanha, comandados por Genserico, devastaram toda a região norte-africana. Para Agostinho, havia a possibilidade de se pôr a seguro. Preferiu, entretanto, partilhar a sorte do seu rebanho. Esperando a cada momento a tomada da cidade pelas hordas invasoras, rodeado de amigos e de bispos fugitivos, a alma cheia de dor e amor, pediu a Deus que salvasse a África ou aceitasse o sacrifício de sua vida. Acometido de uma febre violenta, sob a recitação dos salmos penitenciais, morreu na idade de 76 anos, em 28 de agosto de 430. Levou consigo ao túmulo a Igreja africana, a própria África com sua alta cultura e civilização. Depois dos Vândalos vieram os maometanos, e com eles o extermínio do cristianismo naquelas regiões.

Grandes são os tesouros espirituais que Agostinho deixou à Igreja, nos seus livros, que apresentam eterno valor. Por especial providência, aconteceu que no grande incêndio que os Vândalos causaram na tomada de Hipona, fossem poupadas a Igreja e a biblioteca do grande Bispo.

Reflexões

A conversão de Santo Agostinho foi o resultado da audição das prédicas de Santo Ambrósio e da leitura das epístolas de São Paulo. O pecador que despreza a audição da palavra de Deus, e a leitura de livros espirituais, está bem longe da conversão.

Santo Agostinho, vendo-se tão escravo da paixão, chegando quase a descrer da possibilidade da conversão, encheu-se de coragem com o exemplo dos Santos. “Estes salvaram-se, por que não hei de salvar-me também?” – dizia, e com boa vontade, com a graça de Deus, conseguiu livrar-se dos terríveis liames do pecado. A mesma experiência fazem todos aqueles que, sinceramente, procuram o caminho da conversão.

Santo Agostinho prorrogara a conversão, sem por muito tempo achar coragem de mudar de vida. Mas, uma vez que se resolveu a abandonar o caminho do pecado, não mais voltou atrás, ficando cada vez mais firme nos bons propósitos.

Se ainda hesitamos em fazer penitência, tomemos, como Santo Agostinho, uma firme resolução de emenda; convertemo-nos, façamos penitência e perseveremos nela.
Foto: Santo Agostinho de Hipona
(28 de Agosto)
FUNDADOR DA ORDEM DOS AGOSTINIANOS

Tão grande é a glória que Santo Agostinho adquiriu, pela sua conversão, santidade de vida e, não menos pelos seus escritos que, ao longo da história,  mais de 150 congregações religiosas, quiseram ter a honra de combater sob sua bandeira e que reconhecem Santo agostinho, como fundador e pai.

Tagaste, cidade de Numídia, ao norte da África, era lugar tão insignificante,  que talvez tivesse ficado completamente desconhecido, se não fosse a terra de Santo Agostinho.  Seu pai era funcionário público e gozava de geral estima, pois era homem correto e leal. Chamava-se Patrício. Deus deu-lhe a graça da conversão ao cristianismo, pouco antes da morte.   Agostinho nasceu aos 13 de novembro de 354. Sua mãe, Mônica, santa mulher,   procurou dar ao filho uma educação correspondente à sua fé religiosa.  Grande, porém, foi o desgosto que teve, ao ver que baldados lhe foram os esforços em conservá-lo no caminho do temor de Deus. Bem cedo Agostinho, esquecendo-se dos conselhos da mãe, caiu na escravidão do pecado, como mais tarde teve a nobre franqueza de confessar perante Deus. Causa desses desvarios, ele mesmo disse ter sido a leitura de maus livros.

Até a idade de  15 anos, fez os estudos em Madaura. Falta de recursos obrigou-o a interromper a  freqüência da escola e voltou para Tagaste, onde permanceu, até que o pai tivesse conseguido os meios necessários para o filho poder continuar e terminar o curso em Cartago.  Todos elogiavam a Patrício, pelo interesse que mostrava em proporcionar ao filho ocasião de fazer um curso brilhante nas escolas superiores.  “Meu pai – assim se exprime Santo Agostinho – fez tudo para me adiantar neste mundo. Pouco se lhe dava, porém, de  saber se eu era virtuoso, contanto que fosse  eloquënte”.

Durante esse  tempo, na idade de 16 anos, Agostinho se entregou de corpo e alma aos prazeres, invejando os companheiros, quando se ufanavam de indignidades por eles praticadas, que não lhe tinha sido possível a ele.  O tempo que passou em Cartago  foi a época mais triste de sua vida. Lá teve um filho, fruto do pecado. Agostinho deu-lhe o nome de Adeodato.

Indescritível era a tristeza e dor que a mãe experimentava, sabendo que o filho encontrava-se em estado tão lastimável.  Essa dor ainda redobrou, quando soube que Agostinho se tinha filiado à seita dos maniqueus. Mônica chorou, como se tivesse perdido o filho pela  morte. No entanto, não cessou de rezar pelo apóstata, e pediu a pessoas piedosas das suas relações, que unissem as orações às dela, para obter a  graça  da  conversão de  Agostinho.  Este parecia ficar dia a dia mais orgulhoso e,  completamente inacessível, se tornou aos rogos da mãe.  Nove anos passou Agostinho nas trevas do erro herético. Mônica teve uma revelação de Deus, que lhe garantiu a  conversão do infeliz filho. 

Agostinho, entretanto, abriu em Tagaste e mais  tarde em Cartago, um curso de  retórica.   Era um horizonte muito  estreito demais Para sua ambição sem limites, que por ideal  tinha,  adquirir fama  mundial;  assim, um dia,  resolveu ir para a Itália. 

Mônica tudo fez para dissuadi-lo desse plano, ou pelo menos alcançar que a levasse em sua companhia. Agostinho, para se livrar das importunações da mãe, fingiu levar um amigo até as  embarcações, enquanto ela se hospedaria num albergue perto do porto. Mônica passou a  noite toda em oração e pranto e, quando chegou o dia, Agostinho já se achava em alto mar, em demanda de Roma. Chegado à cidade eterna, caiu gravemente doente. Logo que se restabeleceu, lecionou retórica, e as suas preleções tiveram grande afluência.

Na mesma Ocasião, achava-se em Roma uma comissão da cidade  de Milão, para pedir ao Prefeito Simaco uma lente de retórica. Agostinho,  por meio de proteção dos  amigos  maniqueus, conseguiu a  preferência entre vários concorrentes e seguiu para Milão.  Uma Das primeiras visitas que lá fez, foi ao santo Bispo Ambrósio,  que o recebeu com toda a cordialidade. 

Foi Deus quem guiou os passos do jovem que, sem o saber, já se  achava nas malhas da graça divina.  A amabilidade com que Ambrósio o tratava, a caridade  que encontrava e, principalmente, a eloqüência arrebatadora do santo bispo, fizeram com que o coração de Agostinho se abrisse ao conhecimento da verdade.  Se antes era de opinião que contra as provas do maniqueísmo  não havia argumentação, as prédicas de Santo Ambrósio desfizeram essa pretensão. Pouco a pouco conheceu que o  sistema da heresia apresentava grandes lacunas, e finalmente se curvou diante da força da verdade. 

Agostinho pediu para ser inserido na lista dos catecúmenos. Sabendo quanta mágoa no passado causara à mãe, previa o grande prazer que lhe deveria causar a notícia de sua conversão.  Mônica, de fato, veio a Milão, mas nenhuma demonstração deu de satisfação, por ter o filho deixado a heresia. Para Agostinho mesmo,  seguiram-se dias de graves lutas internas, pois eram precisas resoluções hercúleas, para quebrar os grilhões  de maus hábitos,  adquiridos em longos anos e  deixar-se levar unicamente pelo suave impulso da graça divina.

Em certa ocasião, recebeu a visita do amigo Ponticiano, que lhe contou a vida de Santo Antão.  Foi a hora da graça triunfar. Agostinho confessa que,  ao conhecer a vida do grande eremita, ficou profundamente comovido, e tão forte foi esta comoção, que se viu  tomado de verdadeiro horror do pecado.  Não foi só isto:  Deus interveio  diretamente na história desta célebre conversão. Quando um dia Agostinho se achava à sombra duma figueira, ouviu perfeita e distintamente as palavras:  “Toma e lê”.  Instintivamente abriu o primeiro livro que se lhe achava à mão. Eram as epístolas de São Paulo. Abrindo-o, topou com os versos: “Caminhemos como de dia, honestamente, e não em glutonarias e bebedeiras, não em desonestidades e dissoluções;  mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais uso da carnes em seus apetites”. (Rom 13, 13). Tendo lido isto, não quis mais prosseguir. Fez-se-lhe luz na alma. A tristeza estava-lhe transformada em alegria e, tomado dessa alegria, procurou o amigo Alípio, fazendo-o participante de sua satisfação. Alípio abriu o livro e leu adiante as palavras, que Agostinho não tinha visto: “Ao que é ainda fraco na fé, ajudai-o”. (Rom 14, 1) Apoderou-se também de Alípio grande comoção, que o levou a acompanhar Agostinho na conversão.

Não tardaram a levar à Santa Mônica esta boa nova. O coração da pobre mãe transbordou de alegria, quando a recebeu e ouviu de que modo se realizara a transformação no coração do filho. Deus tinha-lhe, afinal, ouvido-lhe a oração, e não só isto: A conversão de Agostinho dera-se de maneira tão extraordinária, como nunca podia esperar.  

Depois, em companhia de  sua mãe, de Navígio, seu irmão, Adeodato, seu filho e Alípio, retirou-se para a casa de campo de um amigo, a fim de preparar-se para o santo Batismo. Recebido este, renunciou a  tudo que é do mundo: Riqueza, dignidades e posição. O único desejo que tinha era servir a Deus, sem restrição alguma e, para poder pô-lo em prática, formou uma espécie de congregação, composta de amigos e patrícios, que já se achavam em sua companhia.  Mônica cuidava de todos, como se fossem seus filhos. Havia ainda uma dificuldade:  achar um lugar onde pudesse, como desejava,  viver em comunidade. Resolveram voltar para a África. Quando chegaram ao porto de Óstia, morreu Mônica, e Agostinho deu-lhe sepultura lá mesmo.  Chegado a Tagaste, vendeu todos os bens, em benefício dos pobres.  Escolheu um lugar perto da cidade onde, durante três anos,  levou com os companheiros,  uma vida igual à dos primeiros eremitas do Egito. 

Negócios urgentes chamaram-no a Hipona.  O bispo daquela cidade era Valério.  Em diversas ocasiões se dirigiu aos diocesanos,  expondo-lhes a necessidade de ordenar sacerdotes.  O povo, conhecendo as virtudes e  talentos de  Agostinho,  o propôs ao Antístite, como candidato digno. Embora Agostinho relutasse, alegando indignidade, Valério conferiu-lhe as ordens  maiores. Uma vez sacerdote, Agostinho pediu ao Prelado  licença para fundar um convento em Hipona e, para esse fim, Valério lhe deu um grande terreno, nas proximidades da Igreja. 

Muitos outros conventos ainda se fundaram na África setentrional e Agostinho, com razão, é considerado fundador e organizador da vida monástica.

Em 395, a pedido e  insistência do bispo Valério,  foi Agostinho sagrado bispo.  A nova posição não mais lhe permitia a permanência no convento. Para não perturbar a  vida monástica, com as freqüentes visitas  que havia de atender, transferiu residência para outra casa, onde foi viver em companhia de sacerdotes, diáconos e  subdiáconos. 

Naquela pequena comunidade, reinavam os costumes dos primeiros cristãos.  A ninguém era permitido ter propriedade. O que possuíam, servia à comunidade. Ninguém era admitido, que não se ligasse pela promessa de  sujeitar-se a  esse regulamento. 

À mulher, era vedada a entrada. Nessa proibição estava a própria irmã de Agostinho, que era viúva e  superiora  num convento religioso.  Se o múnus pastoral lhe impunha a  visita a uma pessoa de outro sexo, fazia-se  acompanhar  por um dos sacerdotes. 

Duas ordens religiosas tiveram sua origem da comunidade fundada por Santo Agostinho em Tagaste: A dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho  e dos Agostinianos, propriamente ditos, chamados também Eremitas de Santo Agostinho. Ambas as Ordens acham-se também estabelecidas no Brasil.   Outra Congregação baseada nos ensinamentos de Santo Agostinho foi a  da Congregação das Religiosas de Nossa Senhora, Cônegas Regulares de Santo Agostinho,  fundada em 1597 por São Pedro Fourier e o venerável Aleixo lê Clerc.  

No ano de 1244, durante o pontificado de Inocente IV, eremitas de Toscana também  adotaram a regra. Duas outras congregações menores,  que já viviam sob a regra agostiniana,  acabaram unindo-se e os três segmentos uniram-se, formando uma só congregação.  Posteriormente, a Ordem sofreu reforma e, dois novos segmentos (filiais) foram criados, ou seja, Ordem dos Agostinianos Descalços e a Ordem dos Agostinianos Recoletos. 

35 anos tinha Santo Agostinho governado a Igreja de Hipona, quando a África sofreu a invasão dos Vândalos e Alanos que, vindo das Gálias e da Espanha, comandados por Genserico, devastaram toda a região norte-africana. Para Agostinho, havia a possibilidade de se pôr a seguro. Preferiu, entretanto, partilhar a sorte do seu rebanho. Esperando a cada momento a  tomada da cidade pelas  hordas invasoras, rodeado de amigos e de bispos fugitivos, a alma cheia de dor e amor, pediu a Deus que salvasse a África ou aceitasse o sacrifício de sua vida. Acometido de uma febre violenta, sob a recitação dos salmos penitenciais, morreu na idade de 76 anos, em 28 de agosto de 430. Levou consigo ao túmulo a  Igreja africana, a própria África com sua alta cultura e civilização. Depois dos Vândalos vieram os maometanos, e com eles  o extermínio do cristianismo naquelas regiões.

Grandes são os tesouros espirituais que Agostinho deixou à Igreja, nos seus livros, que apresentam eterno valor. Por especial providência, aconteceu que no grande incêndio que os Vândalos causaram na tomada de Hipona, fossem poupadas a Igreja e a biblioteca do grande Bispo.

 Reflexões

A conversão de Santo Agostinho foi o resultado da audição das  prédicas de Santo Ambrósio e  da leitura das epístolas de  São Paulo. O pecador que despreza a audição da palavra de Deus,  e a leitura de livros espirituais, está bem longe da conversão. 

Santo Agostinho, vendo-se tão  escravo da paixão, chegando quase a descrer da possibilidade da conversão, encheu-se de  coragem com o exemplo dos Santos.  “Estes salvaram-se,  por que não hei de salvar-me também?” – dizia, e com boa vontade, com a graça de Deus, conseguiu livrar-se dos terríveis liames do pecado.  A mesma experiência fazem todos aqueles que, sinceramente, procuram o caminho da  conversão.

Santo Agostinho prorrogara a  conversão, sem por muito tempo achar coragem de mudar de vida. Mas, uma vez que se resolveu a abandonar o caminho do  pecado, não mais voltou atrás, ficando cada vez mais firme nos bons propósitos.

Se ainda hesitamos em fazer penitência, tomemos,  como Santo Agostinho, uma firme resolução de emenda;  convertemo-nos, façamos penitência e perseveremos nela.

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