segunda-feira, 31 de março de 2014

03 de novembro

São Martinho de Lima

Há um canto em que a gente se pergunta: “Que cor tem a pele de Deus?” Deus é puríssimo Espírito; Ele assume a cor da pele dos homens, sobretudo dos seus santos, em que vive e faz prodígios de amor.
Hoje veneramos na América Latina um santo de nossa casa: São Martinho de Porres, chamado também de Lima, pela cidade onde viveu e veio a falecer. O valor representativo de São Martinho na história da santidade deriva do fato de ser ele uma dessas “misturas” da América, como um cronista do século XVI definia ironicamente os mulatos.
Com efeito, Martinho nasceu no Peru no ano 1579, filho do fidalgo espanhol João de Porres e de uma mulata panamenha. Era, portanto, filho ilegítimo, porque, na orgulhosa e hipócrita sociedade dosconquistadores espanhóis, um fidalgo nunca poderia rebaixar-se até casar publicamente com uma mulata. A sociedade branca de Lima tampouco estava disposta a perdoar a Martinho o pecado de sua pele escura e de sua origem escrava: a sombra desta humilhação devia acompanhá-lo durante toda vida.
Mas Deus prescinde das hipócritas categorias sociais de certas épocas da história. A nobreza do homem não está na origem do sangue e menos ainda na cor da pele; ela está no espírito do homem, nas virtudes e nos valores da graça que são valores eternos. Nisso, Martinho superou todos os orgulhosos fidalgos e cavalheiros espanhóis do seu século!
Educado por sua mãe no santo temor de Deus, começou ainda criança a trabalhar como aprendiz de barbeiro. Era uma profissão manual, como tal desprezada pelos que tinham aspirações à nobreza, embora não coincidisse, totalmente, com a profissão de barbeiro de hoje pois naquele tempo o barbeiro era também dentista e cirurgião.
Martinho, alma extremamente sensível e de profundidade mística, fez de sua profissão um exercício de caridade para com os pobres, principalmente depois que se tornou ajudante de um médico.
Mas suas aspirações sociais foram profundas. Quis entrar na Ordem Dominicana. Aqui esperava-o nova humilhação. Por sua cor e origem, não podia ser admitido nem como sacerdote nem como irmão leigo. Entrou simplesmente como oblato como eram chamados os leigos agregados a um convento. Suas funções eram as mais humildes, mas sua vida espiritual, a mais profunda. Mais tarde, em atenção às suas virtudes, lhe foi concedido, excepcionalmente, a profissão de irmão leigo.”
Humildade, piedade e espírito de caridade foram suas características. Sua cela no convento era um depósito de ervas, mezinhas, etc., com que acudia aos doentes do convento e de fora.
Dedicava sua vida literalmente aos pobres: mendigo por amor aos mendigos. Com as esmolas que conseguia, fundou um hospital para os meninos abandonados. Sua oração abundava em êxtases e de suas mãos brotavam os milagres, hoje rigorosamente comprovados. Assim, sem fazer coisas extraordinárias, além da prática da caridade, Martinho de Porres chegou a um alto grau de santidade.
Faleceu santamente em Lima, no dia 3 de novembro de 1639, com sessenta anos de idade e imediatamente foi honrado e venerado como santo.
Foi beatificado em 1873 e canonizado pelo Papa João XXIII em 1962.

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