Nascimento de São João Batista
(24 de Junho)
As festas dos Santos são geralmente o aniversário da morte, isto é, da despedida do mundo e do nascimento para a vida eterna.
São João Batista faz exceção desta regra, pelo motivo de ter vindo ao mundo em estado de santidade, isento da lei do pecado original. Sabemos que seu nascimento foi um acontecimento extraordinário, acompanhado de fatos igualmente extraordinários, como o relatam os santos Evangelhos. A narração bíblica do nascimento do Precursor de Jesus Cristo, feita sob a inspiração do Divino Espírito Santo, é tão clara e circunstanciada, que não há mister acrescentar coisa alguma.
Em Hebron, nas montanhas da Judéia, oito milhas além de Jerusalém, vivia um casal - Zacarias e Isabel. Ambos justos diante do Senhor. Não tinham filhos, o que muito os afligia, e eram já idosos. Zacarias, sacerdote, um dia em que estava desempenhando seu ministério no templo de Jerusalém, entrou no santuário para queimar o incenso, enquanto o povo orava no adro. Apareceu-lhe então, à direita do altar dos perfumes um Anjo. Zacarias ficou atônito. O Anjo, porém, lhe disse: "Não temas Zacarias, porque Deus ouviu a tua oração. Tua mulher dar-te-á um filho, a quem darás o nome de João. Grande será a tua alegria e muitos se regozijarão pelo nascimento do menino, porque será grande diante do Senhor. Não beberá vinho, nem bebida alguma fermentada, e será cheio do Espírito Santo. Reconduzirá os filhos de Israel, em grande número, a Deus. Ele próprio o precederá em espírito e com o poder de Elias, a fim de preparar ao Senhor um povo perfeito".
Zacarias disse ao Anjo: "Como saberei com certeza que isto vai dar? Já estou velho e minha mulher já vai adiantada em anos". Respondeu-lhe o Anjo: "Eu sou Gabriel e meu lugar é diante de Deus. Ele é que me manda trazer esta feliz nova. Mas como não deste crédito a estas minhas palavras, ficarás mudo, até o dia em que tudo isto se cumprir". Fora, o povo se admirava da longa demora de Zacarias no santuário. Afinal este saiu, sem poder falar. Por sinais deu a compreender que tivera uma visão. Acabando os dias do serviço, foi para casa.
Tudo o que o Anjo predissera se cumpriu ao pé da letra. Seis meses depois, o mesmo Anjo Gabriel foi mandado por Deus à cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a Maria Santíssima, para comunicar-lhe que tinha sido escolhida para ser Mãe do Salvador. Disse-lhe também que sua prima Isabel, apesar de idosa e estéril, tinha concebido um filho, porque a Deus nada era impossível. Maravilhada pelos acontecimentos extraordinários, cheia de gratidão a Deus, que coisas tão maravilhosas operara, Maria pôs-se a caminho e, pressurosa, foi à casa da prima. Esta, ouvindo a voz de Maria, ficou cheia do Espírito Santo e exclamou: "Bendita sois entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre! De onde me vem a felicidade de ser visitada pela Mãe do meu Senhor?
"Logo que chegou a meus ouvidos a voz da vossa saudação, o menino saltou de prazer no meu ventre! Bem-aventurada sois por teres criado! Pois tudo que vos foi dito da parte do Senhor, se realizará".
É opinião unânime dos Santos Padres, que os sinais de prazer que João deu, antes do nascimento, foram causados pelo fato do Precursor, por uma graça especial de Deus, ter conhecido a presença do Senhor e lhe haver prestado homenagem de adoração. Dizem mais, que ao mesmo momento, teria João sido santificado, como o Anjo prometera.
Chegada a época, Isabel deu à luz um filho. Sabendo os vizinhos e parentes desse grande favor, que lhe fizera Deus, correram todos jubilosos a felicitá-la.
No oitavo dia se reuniram para a circuncisão da criança e propuseram, que lhe fosse dado o nome do pai. A mãe, porém, opôs-se e disse: "Não; deve chamar-se João". Disseram-lhe: "Mas, na tua família não há pessoa desse nome". Isabel, porém, insistiu que ao menino fosse dado o nome de João. Então, fizeram sinal ao pai, para que manifestasse a sua opinião. Zacarias pediu uma tabuinha para escrever e escreveu: "João é o seu nome". Ficaram todos admirados. No mesmo instante desatou-se-lhe a língua e Zacarias falou, bendizendo a Deus. Cheio do Espírito Santo, entoou um dos cantos mais belos que a liturgia conhece, e que faz parte do Ofício que os sacerdotes da Igreja diariamente oferecem a Deus - "Bendito seja o Senhor de Israel, porque visitou seu povo e o resgatou. Suscitou um Salvador poderosos, na casa de seu servo Davi, como tinha prometido por boca dos profetas..." E dirigindo-se ao filhinho, disse: "E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás ante a face do Senhor, preparar-Lhe os caminhos..."
Tendo ciência desses acontecimentos, toda a região vizinha se impressionou e por toda a parte, nas montanhas e nos vales da Judéia, se contava estas maravilhas e cada qual dizia: "Que será um dia deste menino?" De fato, a mão do Senhor estava com ele.
Alguns dos Santos Padres são de opinião, que Isabel procurou com o filhinho o deserto, para salvá-lo da perseguição e crueldade de Herodes. Outros dizem que João, tendo apenas cinco anos, levado pelo Espírito Santo, foi para o deserto, com o intuito de santificar-se ainda mais e preparar-se para a alta missão que Deus lhe dera. Os Santos dos Evangelhos dizem-nos alguma coisa sobre a vida de São João no deserto. Trajava vestes de pele de camelo, cingidos os rins com cintura de couro, e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. Levava uma vida de oração e de penitência. Diz Santo Agostinho que em João o mundo, pela vez primeira, teve o exemplo mais tarde imitado pelos eremitas. "Que saístes a ver no deserto?" – perguntou Jesus Cristo às turbas. "Uma cana agitada pelo vento? Mas, que saístes a ver? Um homem regaladamente vestido? Eis os que se vestem com regalo, estão nos palácios dos reis. Mas, que saístes a ver? Um profeta? Sim, digo-vos, e mais que profeta. Porque este é aquele do qual está escrito: eis que eu envio meu Anjo diante de ti, que preparará teu caminho. E eu vos declaro: Que entre os nascidos de mulher, não há maior profeta que João Batista". Essas palavras do Divino Mestre contém o maior elogio que o homem jamais recebeu, e são equivalentes a uma formal canonização, a única que o Filho de Deus em vida pronunciou.
Tendo trinta anos de idade, recebeu São João ordem divina para sair do deserto e encetar sua missão, que era de pregar os caminhos ao Messias. João Batista percorreu toda a região do Jordão pregando o batismo de penitência, para a remissão dos pecados. Vieram, então, de Jerusalém e de toda a parte da Judéia, grandes turbas. Todos se faziam batizar por ele no Jordão, confessando os seus pecados.
Os santos Evangelhos contam minuciosamente o que ele pregou, que conselho deu às pessoas que o procuravam, entre estas aos soldados; falam da grande graça que teve, de receber a visita de Nosso Senhor, que quis por ele ser batizado e naquela ocasião o Espírito Santo desceu visivelmente, pairou sobre Jesus Cristo e ao mesmo tempo se ouviu do céu uma voz: "Este é meu Filho muito amado, em quem pus minha complacência". Lemos ainda com que amor e dedicação trabalhou pelo advento do Reino de Deus, dando testemunho de Jesus Cristo: "Eu batizo na água, para a penitência; mas vem outro, que é mais poderoso que eu, e de quem não sou digno de desatar as correias das sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. Ele têm a joeira na mão e vai limpar sua eira. Ajuntará o trigo no celeiro e queimará a palha no fogo, que não se apaga nunca! Em certa ocasião os Judeus de Jerusalém mandaram tratar com João uma comissão, composta de sacerdotes e de levitas, que lhe perguntaram: "Quem sois vós? Por que batizais, se não sois nem o Cristo, nem Elias, nem profeta?". João respondeu-lhes: "Eu batizo em água; mas há em meio de vós alguém que não conheceis. É ele que deve vir depois de mim e não sou digno de desligar-lhe os cadarços das sandálias".
No dia seguinte, diz o Evangelista, João viu aproximar-se Jesus e disse: "Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo". Com essas palavras foi apresentado ao mundo o Messias, como tinha profetizado Isaías.
O que mais aconteceu ao glorioso Precursor, até a morte do martírio, o leitor encontrará no capítulo da degolação de São João Batista. (29 de agosto)
Reflexões:
Que nestas reflexões encontrem sabedoria, consolo e edificação as senhoras casadas e que, como a Santa Isabel, faz sofrer as tristezas da esterilidade. Não devem esquecer-se das angústias do parto, que não raras vezes equivalem a uma verdadeira agonia, e da série infinita de trabalhos, de cuidados e preocupações, que acompanham infalivelmente a educação dos filhos. Ninguém prevê o futuro; mas se pudéssemos ter a ciência do rumo que a vida dos homens vai tomar, quantas senhoras não desejariam hoje nunca ter tido filhos! Filhos pequenos, pequenos cuidados; filhos crescidos, cuidados dobrados! Quantos filhos, cujo advento era a prece constante o desejo mais ardoroso dos pais, não corresponderam às esperanças que neles se colocara e, longe de serem a honra dos progenitores, vieram a ser sua vergonha, humilhação e desgraça.
É mais que justificado o desejo da bênção da maternidade. A criança é muitas vezes o anjo pacificador do lar; mas exemplos não faltam e não são poucos, que atestam o contrário. Em muitos casos isso se deve à culpa dos próprios pais, em outras, para nossa perplexidade, no seio de famílias boas e bem estruturadas. Em ambos os casos, a oração deve ser a principal arma para derrotar tal circunstância. Lembremo-nos que Santa Mônica derramou lágrimas e rezou por 30 anos anos consecutivos implorando ao Senhor a conversão do seu filho. Deus atendeu seu pedido e tocou naquele coração desregrado, de forma que, convertido, empreendeu grandes obras para a edificação da Igreja de Cristo, vindo a tornar-se uma das grandes colunas de Igreja: Santo Agostinho de Hipona.
O respeito, o amor, o cumprimento dos Mandamentos da Lei de Deus e da Igreja, são coisas que devem cultivadas desde tenra idade. Ai dos pais que dão liberdade excessiva aos filhos e não os conduzem pelo caminho da virtude. Devemos pedir a intercessão de São João Batista, cuja retidão, personalidade e caráter incita poderosamente na alma o desejo ardente em consagrar nossos filhos a Deus, os quais queremos ver preservados de tantas distorções e imundícies que o mundo atual lhes oferece.
Os casais que sofrem o drama da esterilidade, devem procurar todos meios lícitos para tentar reverter tal situação, confiando, sobretudo, na Providência Divina. Existem bons médicos e medicamentos nessa área, que poderão auxiliar no tratamento adequado para cada caso. Sendo, porém, algo crônico ou irreversível, coloquemo-nos resignadamente aos desígnios de Deus, principalmente na prática da virtude e da oração. Qualquer que seja o motivo que determine a ausência de filhos, o casal se conforme com este estado de coisas, quando não se lhes depara outro remédio. O homem contemporâneo, porém, parece ter se esquecido dos valores primordiais da vida. A ciência atual, que tantos benefícios proporciona diariamente à humanidade, muitas vezes por não querer ouvir a Igreja, penetra agora em sendas obscuras, onde a ética e a moral são postas à deriva por orgulho e sensação de auto-suficiência. E, para reforçar o assunto em tela, não é verdade que reside a tentação, mesmo junto aos casais que se julgam mais esclarecidos, recorrer a métodos artificiais condenados pela Igreja, ora para evitar filhos, ora para vencer a esterilidade, deixando de lado os mistérios e os desígnios que a Providência Divina nos coloca no caminho?
Em nome do que chamam de "progresso científico", os estudos e procedimentos de fertilização a qualquer preço parecem prevalecer. Muitos casais estéreis, tapando olhos e ouvidos à Igreja, perseguem obsessivamente a gestação e submetem-se à qualquer tipo de método para satisfazer seu próprio desejo, seu ego. Dão de ombros com o "... seja feita a Vossa vontade" do Pai-Nosso; em detrimento de tantas e tantas crianças nos orfanatos que, ansiosamente, aguardam a eventual chegada de um pai e uma mãe que os acolha. A voz dos bebês, crianças e adolescentes, dos orfanatos sobe aos céus clamando por justiça junto ao trono de Deus. E neste cenário global, acentuam-se sistemáticos ataques ao Papa pela condenação dos métodos artificiais de fertilização, de contracepção, também das escandalosas pesquisas envolvendo células-tronco embrionárias e da clonagem humana, cujo terreno foi maliciosamente bem preparado pela ciência há anos. Ai de nós, ai de nós, se formos cúmplices ou defendermos a ciência nesse aspecto, fechando nossos ouvidos ao que a Igreja diz. Se ao mundo apoiamos, somos co-responsáveis e participantes diretos nessas práticas artificiais absurdas, que o mundo oferece sutilmente como grandes conquistas científicas, sem querer se aperceber do grave pecado que tudo isso constitui. Pecado, portanto, na mesma proporção grave para tanto para o cientista, legislador, ou para qualquer um de nós, seja pela conivência, apoio ou pela prática.
São Zacarias e Santa Isabel, intercedei pelos casais estéreis, pedi a Deus que lhes conceda sabedoria, confiança, resignação e amor às práticas das virtudes.
São João Batista, que possamos ter tua valentia, coragem e determinação na defesa da Igreja de Cristo. São João Batista, rogai por nós, esclarecei nossos casais, médicos cientistas, políticos e todos os responsáveis pela legislação nacional.
(24 de Junho)
As festas dos Santos são geralmente o aniversário da morte, isto é, da despedida do mundo e do nascimento para a vida eterna.
São João Batista faz exceção desta regra, pelo motivo de ter vindo ao mundo em estado de santidade, isento da lei do pecado original. Sabemos que seu nascimento foi um acontecimento extraordinário, acompanhado de fatos igualmente extraordinários, como o relatam os santos Evangelhos. A narração bíblica do nascimento do Precursor de Jesus Cristo, feita sob a inspiração do Divino Espírito Santo, é tão clara e circunstanciada, que não há mister acrescentar coisa alguma.
Em Hebron, nas montanhas da Judéia, oito milhas além de Jerusalém, vivia um casal - Zacarias e Isabel. Ambos justos diante do Senhor. Não tinham filhos, o que muito os afligia, e eram já idosos. Zacarias, sacerdote, um dia em que estava desempenhando seu ministério no templo de Jerusalém, entrou no santuário para queimar o incenso, enquanto o povo orava no adro. Apareceu-lhe então, à direita do altar dos perfumes um Anjo. Zacarias ficou atônito. O Anjo, porém, lhe disse: "Não temas Zacarias, porque Deus ouviu a tua oração. Tua mulher dar-te-á um filho, a quem darás o nome de João. Grande será a tua alegria e muitos se regozijarão pelo nascimento do menino, porque será grande diante do Senhor. Não beberá vinho, nem bebida alguma fermentada, e será cheio do Espírito Santo. Reconduzirá os filhos de Israel, em grande número, a Deus. Ele próprio o precederá em espírito e com o poder de Elias, a fim de preparar ao Senhor um povo perfeito".
Zacarias disse ao Anjo: "Como saberei com certeza que isto vai dar? Já estou velho e minha mulher já vai adiantada em anos". Respondeu-lhe o Anjo: "Eu sou Gabriel e meu lugar é diante de Deus. Ele é que me manda trazer esta feliz nova. Mas como não deste crédito a estas minhas palavras, ficarás mudo, até o dia em que tudo isto se cumprir". Fora, o povo se admirava da longa demora de Zacarias no santuário. Afinal este saiu, sem poder falar. Por sinais deu a compreender que tivera uma visão. Acabando os dias do serviço, foi para casa.
Tudo o que o Anjo predissera se cumpriu ao pé da letra. Seis meses depois, o mesmo Anjo Gabriel foi mandado por Deus à cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a Maria Santíssima, para comunicar-lhe que tinha sido escolhida para ser Mãe do Salvador. Disse-lhe também que sua prima Isabel, apesar de idosa e estéril, tinha concebido um filho, porque a Deus nada era impossível. Maravilhada pelos acontecimentos extraordinários, cheia de gratidão a Deus, que coisas tão maravilhosas operara, Maria pôs-se a caminho e, pressurosa, foi à casa da prima. Esta, ouvindo a voz de Maria, ficou cheia do Espírito Santo e exclamou: "Bendita sois entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre! De onde me vem a felicidade de ser visitada pela Mãe do meu Senhor?
"Logo que chegou a meus ouvidos a voz da vossa saudação, o menino saltou de prazer no meu ventre! Bem-aventurada sois por teres criado! Pois tudo que vos foi dito da parte do Senhor, se realizará".
É opinião unânime dos Santos Padres, que os sinais de prazer que João deu, antes do nascimento, foram causados pelo fato do Precursor, por uma graça especial de Deus, ter conhecido a presença do Senhor e lhe haver prestado homenagem de adoração. Dizem mais, que ao mesmo momento, teria João sido santificado, como o Anjo prometera.
Chegada a época, Isabel deu à luz um filho. Sabendo os vizinhos e parentes desse grande favor, que lhe fizera Deus, correram todos jubilosos a felicitá-la.
No oitavo dia se reuniram para a circuncisão da criança e propuseram, que lhe fosse dado o nome do pai. A mãe, porém, opôs-se e disse: "Não; deve chamar-se João". Disseram-lhe: "Mas, na tua família não há pessoa desse nome". Isabel, porém, insistiu que ao menino fosse dado o nome de João. Então, fizeram sinal ao pai, para que manifestasse a sua opinião. Zacarias pediu uma tabuinha para escrever e escreveu: "João é o seu nome". Ficaram todos admirados. No mesmo instante desatou-se-lhe a língua e Zacarias falou, bendizendo a Deus. Cheio do Espírito Santo, entoou um dos cantos mais belos que a liturgia conhece, e que faz parte do Ofício que os sacerdotes da Igreja diariamente oferecem a Deus - "Bendito seja o Senhor de Israel, porque visitou seu povo e o resgatou. Suscitou um Salvador poderosos, na casa de seu servo Davi, como tinha prometido por boca dos profetas..." E dirigindo-se ao filhinho, disse: "E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás ante a face do Senhor, preparar-Lhe os caminhos..."
Tendo ciência desses acontecimentos, toda a região vizinha se impressionou e por toda a parte, nas montanhas e nos vales da Judéia, se contava estas maravilhas e cada qual dizia: "Que será um dia deste menino?" De fato, a mão do Senhor estava com ele.
Alguns dos Santos Padres são de opinião, que Isabel procurou com o filhinho o deserto, para salvá-lo da perseguição e crueldade de Herodes. Outros dizem que João, tendo apenas cinco anos, levado pelo Espírito Santo, foi para o deserto, com o intuito de santificar-se ainda mais e preparar-se para a alta missão que Deus lhe dera. Os Santos dos Evangelhos dizem-nos alguma coisa sobre a vida de São João no deserto. Trajava vestes de pele de camelo, cingidos os rins com cintura de couro, e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. Levava uma vida de oração e de penitência. Diz Santo Agostinho que em João o mundo, pela vez primeira, teve o exemplo mais tarde imitado pelos eremitas. "Que saístes a ver no deserto?" – perguntou Jesus Cristo às turbas. "Uma cana agitada pelo vento? Mas, que saístes a ver? Um homem regaladamente vestido? Eis os que se vestem com regalo, estão nos palácios dos reis. Mas, que saístes a ver? Um profeta? Sim, digo-vos, e mais que profeta. Porque este é aquele do qual está escrito: eis que eu envio meu Anjo diante de ti, que preparará teu caminho. E eu vos declaro: Que entre os nascidos de mulher, não há maior profeta que João Batista". Essas palavras do Divino Mestre contém o maior elogio que o homem jamais recebeu, e são equivalentes a uma formal canonização, a única que o Filho de Deus em vida pronunciou.
Tendo trinta anos de idade, recebeu São João ordem divina para sair do deserto e encetar sua missão, que era de pregar os caminhos ao Messias. João Batista percorreu toda a região do Jordão pregando o batismo de penitência, para a remissão dos pecados. Vieram, então, de Jerusalém e de toda a parte da Judéia, grandes turbas. Todos se faziam batizar por ele no Jordão, confessando os seus pecados.
Os santos Evangelhos contam minuciosamente o que ele pregou, que conselho deu às pessoas que o procuravam, entre estas aos soldados; falam da grande graça que teve, de receber a visita de Nosso Senhor, que quis por ele ser batizado e naquela ocasião o Espírito Santo desceu visivelmente, pairou sobre Jesus Cristo e ao mesmo tempo se ouviu do céu uma voz: "Este é meu Filho muito amado, em quem pus minha complacência". Lemos ainda com que amor e dedicação trabalhou pelo advento do Reino de Deus, dando testemunho de Jesus Cristo: "Eu batizo na água, para a penitência; mas vem outro, que é mais poderoso que eu, e de quem não sou digno de desatar as correias das sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. Ele têm a joeira na mão e vai limpar sua eira. Ajuntará o trigo no celeiro e queimará a palha no fogo, que não se apaga nunca! Em certa ocasião os Judeus de Jerusalém mandaram tratar com João uma comissão, composta de sacerdotes e de levitas, que lhe perguntaram: "Quem sois vós? Por que batizais, se não sois nem o Cristo, nem Elias, nem profeta?". João respondeu-lhes: "Eu batizo em água; mas há em meio de vós alguém que não conheceis. É ele que deve vir depois de mim e não sou digno de desligar-lhe os cadarços das sandálias".
No dia seguinte, diz o Evangelista, João viu aproximar-se Jesus e disse: "Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo". Com essas palavras foi apresentado ao mundo o Messias, como tinha profetizado Isaías.
O que mais aconteceu ao glorioso Precursor, até a morte do martírio, o leitor encontrará no capítulo da degolação de São João Batista. (29 de agosto)
Reflexões:
Que nestas reflexões encontrem sabedoria, consolo e edificação as senhoras casadas e que, como a Santa Isabel, faz sofrer as tristezas da esterilidade. Não devem esquecer-se das angústias do parto, que não raras vezes equivalem a uma verdadeira agonia, e da série infinita de trabalhos, de cuidados e preocupações, que acompanham infalivelmente a educação dos filhos. Ninguém prevê o futuro; mas se pudéssemos ter a ciência do rumo que a vida dos homens vai tomar, quantas senhoras não desejariam hoje nunca ter tido filhos! Filhos pequenos, pequenos cuidados; filhos crescidos, cuidados dobrados! Quantos filhos, cujo advento era a prece constante o desejo mais ardoroso dos pais, não corresponderam às esperanças que neles se colocara e, longe de serem a honra dos progenitores, vieram a ser sua vergonha, humilhação e desgraça.
É mais que justificado o desejo da bênção da maternidade. A criança é muitas vezes o anjo pacificador do lar; mas exemplos não faltam e não são poucos, que atestam o contrário. Em muitos casos isso se deve à culpa dos próprios pais, em outras, para nossa perplexidade, no seio de famílias boas e bem estruturadas. Em ambos os casos, a oração deve ser a principal arma para derrotar tal circunstância. Lembremo-nos que Santa Mônica derramou lágrimas e rezou por 30 anos anos consecutivos implorando ao Senhor a conversão do seu filho. Deus atendeu seu pedido e tocou naquele coração desregrado, de forma que, convertido, empreendeu grandes obras para a edificação da Igreja de Cristo, vindo a tornar-se uma das grandes colunas de Igreja: Santo Agostinho de Hipona.
O respeito, o amor, o cumprimento dos Mandamentos da Lei de Deus e da Igreja, são coisas que devem cultivadas desde tenra idade. Ai dos pais que dão liberdade excessiva aos filhos e não os conduzem pelo caminho da virtude. Devemos pedir a intercessão de São João Batista, cuja retidão, personalidade e caráter incita poderosamente na alma o desejo ardente em consagrar nossos filhos a Deus, os quais queremos ver preservados de tantas distorções e imundícies que o mundo atual lhes oferece.
Os casais que sofrem o drama da esterilidade, devem procurar todos meios lícitos para tentar reverter tal situação, confiando, sobretudo, na Providência Divina. Existem bons médicos e medicamentos nessa área, que poderão auxiliar no tratamento adequado para cada caso. Sendo, porém, algo crônico ou irreversível, coloquemo-nos resignadamente aos desígnios de Deus, principalmente na prática da virtude e da oração. Qualquer que seja o motivo que determine a ausência de filhos, o casal se conforme com este estado de coisas, quando não se lhes depara outro remédio. O homem contemporâneo, porém, parece ter se esquecido dos valores primordiais da vida. A ciência atual, que tantos benefícios proporciona diariamente à humanidade, muitas vezes por não querer ouvir a Igreja, penetra agora em sendas obscuras, onde a ética e a moral são postas à deriva por orgulho e sensação de auto-suficiência. E, para reforçar o assunto em tela, não é verdade que reside a tentação, mesmo junto aos casais que se julgam mais esclarecidos, recorrer a métodos artificiais condenados pela Igreja, ora para evitar filhos, ora para vencer a esterilidade, deixando de lado os mistérios e os desígnios que a Providência Divina nos coloca no caminho?
Em nome do que chamam de "progresso científico", os estudos e procedimentos de fertilização a qualquer preço parecem prevalecer. Muitos casais estéreis, tapando olhos e ouvidos à Igreja, perseguem obsessivamente a gestação e submetem-se à qualquer tipo de método para satisfazer seu próprio desejo, seu ego. Dão de ombros com o "... seja feita a Vossa vontade" do Pai-Nosso; em detrimento de tantas e tantas crianças nos orfanatos que, ansiosamente, aguardam a eventual chegada de um pai e uma mãe que os acolha. A voz dos bebês, crianças e adolescentes, dos orfanatos sobe aos céus clamando por justiça junto ao trono de Deus. E neste cenário global, acentuam-se sistemáticos ataques ao Papa pela condenação dos métodos artificiais de fertilização, de contracepção, também das escandalosas pesquisas envolvendo células-tronco embrionárias e da clonagem humana, cujo terreno foi maliciosamente bem preparado pela ciência há anos. Ai de nós, ai de nós, se formos cúmplices ou defendermos a ciência nesse aspecto, fechando nossos ouvidos ao que a Igreja diz. Se ao mundo apoiamos, somos co-responsáveis e participantes diretos nessas práticas artificiais absurdas, que o mundo oferece sutilmente como grandes conquistas científicas, sem querer se aperceber do grave pecado que tudo isso constitui. Pecado, portanto, na mesma proporção grave para tanto para o cientista, legislador, ou para qualquer um de nós, seja pela conivência, apoio ou pela prática.
São Zacarias e Santa Isabel, intercedei pelos casais estéreis, pedi a Deus que lhes conceda sabedoria, confiança, resignação e amor às práticas das virtudes.
São João Batista, que possamos ter tua valentia, coragem e determinação na defesa da Igreja de Cristo. São João Batista, rogai por nós, esclarecei nossos casais, médicos cientistas, políticos e todos os responsáveis pela legislação nacional.
EMANUEL ARAUJO CRISTAO GARANHUNS
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