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Paixão de Cristo do Recife reúne multidão no Marco Zero
Rebeca Silva - Diario de Pernambuco:EMANUEL ARAUJO CRISTAO GARANHUNS
Publicação: 27/03/2013 23:34
Atualização: 27/03/2013 23:54
Olhos atentos a
qualquer movimentação. Bem arrumada, com uma pipoca na mão e sentada na
primeira fila, a aposentada Lilian Farias Neves esperava o ínicio da
apresentação da 17ª Paixão de Cristo do Recife, no Marco Zero, nesta
quarta-feira (27). Uma cena que se repete há 16 anos. “Temos que
prestigiar o Recife. Eu amo. Essa encenação mexe com a gente”, disse.
Para garantir a melhor visão da peça, ela chegou cedo, uma hora antes.
Assim como Lilian Farias, muitos outros também se anteciparam e às 19h
já se concentravam em frente ao palco.
A peça, que mostrou
durante quase duas horas passagens da vida, morte e ressurreição de
Cristo é assinada pelo diretor José Pimentel, que também interpreta
Jesus. Desta vez, traz novidades nos diálogos e cenários. “Antes as
falas eram muito antigas. Tinha fala até de gente que já tinha morrido.
Também cortei outros diálogos por necessidade cênica. Temos também um
maquinário novo que fica mudando durante as cenas”, disse Pimentel. Onze
ensaios foram feitos com os cerca de 100 atores e 300 figurantes até
subir no palco. Interpretando Pilatos pela segunda vez, Pedro Francisco
Souza, 42 anos, disse que é uma emoção como ator participar da peça.
“Tenho certeza que nenhum ator se apresenta para tanta gente como na
Paixão de Cristo”, acrescentou.
O espetáculo segue até o próximo
domingo, sempre às 20h. A expectativa da organização é receber cerca de
100 mil pessoas durante toda temporada.
Católica, a aposentada
Maria José Santana, 69 anos, disse que a encenação é um momento para
refletir. “É uma boa lição como fiel. Trouxe meu neto de 7 anos e minha
irmã do município de Vertentes só para ver a paixão”, afirmou Santana,
que prestigia o espetáculo há 10 anos. A irmã, Loudes Santana, 74 anos,
gostou da apresentação e avisou; “ano que vem estou aqui de novo”. Já a
socióloga Ivete dos Santos, 54 anos, destacou que a escolha do local (o
Marco Zero) possibilita o acesso a todos. “Aqui consolidou tudo, mas é
importante lembrar também que as primeiras apresentações aconteciam no
Arruda”, acrescentou.
Para a secretária de Cultura da prefeitura,
Leda Alves, a peça é outra opção para quem não pode ir ao espetáculo do
Brejo da Madre de Deus. “Temos aqui uma peça do mesmo nível e tudo de
graça. Todas as categorias poderão ver. Lá a pessoa teria que gastar com
transporte, alaimentação e o ingresso”, afirmou Alves. Já o prefeito do
Recife, Geraldo Júlio, destacou a mensagem que a peça deixou. “É uma
história que nos marca muito e faz parte da nossa vida. É uma
oportunidade para as pessoas virem aqui conferir”, disse o prefeito.
Na
abertura do evento, uma homenagem à Geninha Rosa Borges, 91 anos, que
fez, durante os 16 anos de existência do espetáculo, o papel de Marta.
Definindo Geninha como uma grande mulher, atriz e amante da cultura de
Pernambuco, o governador Eduardo Campos entregou uma insígnia para
Geninha. “É uma alegria entregar homenagem a essa mulher que é
referência. Este também é um momento para encher o coração com fé no
futuro para que possamos contruir um mundo mais justo”, afirmou Campos
em discurso. “Uma surpresa. Me sinto muito bem porque chegar aos 91 anos
e receber homenagem é sinal de que na juventude eu fiz algo
importante”, disse Geninha.
Na semana passada, durante
comemoração à passagem da Data Magna, ela recebeu, do governador, a
medalha da Ordem do Mérito Guararapes, a mais alta comenda concedida
pelo poder público.
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