O olhar que evangeliza
Postado por: homilia
agosto 24th, 2012
Irmãos e irmãs, diante do Evangelho de hoje (cf.
Jo 1,45-51), percebe-se o quanto o primeiro contato de muitos com Jesus foi
mediado. Filipe encontrou-se com o Mestre; ou melhor, Filipe foi encontrado por
Ele (cf. Jo 1,43-44) e, por consequência, acabou promovendo o encontro de
Natanael com o Senhor.
Uma outra coisa interessante chama a atenção
naquele acontecimento decisivo da história de Natanael: Jesus, como o Profeta,
conhece as pessoas e as surpreende com palavras de graça – ainda que, como
muitos, Natanael não desse crédito aos nazarenos.
Disse Jesus a Natanael: “Este é um verdadeiro
israelita, no qual não há falsidade!”. “Antes que Filipe te chamasse, quando
estavas debaixo da figueira , eu te vi” (Jo 1,47-48). Natanael ficou tão
impactado com aquele olhar – de misericórdia e verdade do Verbo Encarnado -, que
o penetrou com ternura e sem preconceitos, os quais são, na maior parte das
vezes, compostos de ignorância e superficialidades.
Assim, Natanael “desmoronou”. Foi desarmado pelo
olhar de Cristo e não demorou para entender, com o auxílio do Espírito Santo, o
quanto foi providencial a presença e iniciativa de Filipe, quem serviu de
“ponte” entre ele e “o Filho de Deus…Rei de Israel” (Jo 1,49).
Também Natanael, iluminado, pôde reconhecer, com
o coração e os lábios, os títulos acima citados, além de ouvir do único Mediador
da Salvação palavras de vida eterna que chegam até nós: “Em verdade, em verdade
vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o
Filho do Homem!” (Jo 1,51).
Frente a tão grandes testemunhos, alguns
questionamentos surgem em nós: “Tenho procurado promover um encontro pessoal e
transformador de Jesus com os meus conhecidos a exemplo do que Filipe fez?”
“Intercedo para que isto aconteça na vida das pessoas, pelo menos as
conhecidas?” Ou ainda: “Uma vez que já iniciei o processo pessoal de conversão,
tenho prestado atenção com que tipo de olhar o Senhor Jesus me vê?” E: “Não
existem pessoas próximas a mim, e que já não recorrem à visão de Cristo, para se
ver e ver toda a realidade?”
Não são auto-acusações e, muito menos, “dedo
apontado” a cada um de nós. Mas uma oportunidade de nos revermos à luz do
Evangelho que constantemente nos convida à revisão (conversão) em relação a Ele
e ao próximo. Mesmo que alguém olhe para você – e para a sua história – e diga,
num olhar que seja: “Daí não virá coisa boa!”, não se deixe impressionar. Como
Jesus, continue indo ao encontro destes nossos irmãos e irmãs!
Sejamos unidos numa só fé; sejamos um farol que
sinaliza em meio a mares revoltos, para onde é preciso rumar a fim de encontrar
um porto seguro. É claro que esta fé é essencialmente eclesial para conseguir
comunicar a Luz Verdadeira (cf. Jo 1,9) em meio às trevas e nevoeiros do
relativismo e individualismo que se alastram no mundo.
Portanto, alegremo-nos, hoje e sempre, se já
fazemos parte da barca de Filipe e Natanael – que é a mesma de Pedro. Mas
saibamos que ser membro desta embarcação tão especial nos convoca, como Igreja,
a não desistirmos da busca da verdade e a sermos uns para os outros
intercessores e promotores do encontro pessoal com Cristo, no poder do Espírito
Santo.
Ele, que a todos vê, de todos sabe e a todos nos
envia com um olhar de misericórdia e verdade.
Padre Fernando Santamaria – Comunidade Canção
Nova
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