O banquete do amor que espera e alimenta a nossa esperança
Postado por: homilia
agosto 31st, 2012
Irmãos e irmãs, ou melhor, como a alegoria das
núpcias de Cristo com a Sua Igreja-Esposa (Mt 25, 1-13) sugere: Caras
“companheiras” da Esposa!
Na parábola das dez virgens, ou damas de honra,
estamos todos incluídos, pois o Senhor não exclui ninguém da participação de Seu
Reino. No entanto, a graça reclama condutas que podem ser comparadas às
expectativas da “noiva” (esposa) durante o ritual judaico do matrimônio. É isto
que Jesus fez e faz! Ele usa desta parábola para falar do nosso relacionamento
com o Esposo que, em breve, virá e não quer ninguém de fora do banquete
eterno.
Segundo o costume judaico, a festa acontecia no
final da tarde e era incluída uma procissão até o lugar do festim. Aquele
momento de partilha e alegria era realizado na casa do noivo (cf. Mt 22, 1-14),
mas também podia acontecer na casa da noiva, para onde a procissão deveria
seguir. A parábola das dez virgens parece se encaixar neste segundo caso.
Uma outra característica, própria desta
celebração, era uma efusiva manifestação da beleza e alegria que permeava estes
acontecimentos, encontrando o seu ápice de manifestação material quando era um
casamento real. Assim confirma o salmista: «Entra com todo esplendor a filha
do rei, tecido de ouro é seu vestido; é apresentada ao rei com preciosos
bordados, com ela as damas de honra a ti são conduzidas; guiadas em alegria e
exultação entram juntas no palácio real» (Sl 45, 14-16).
Ainda que todo este esplendor não fosse possível
para todos, sem dúvida, o essencial do júbilo não devia faltar, principalmente
às convidadas da noiva para compor a procissão. Aí, irmãos e irmãs, nos
encontramos, mais uma vez, todos nós! Pelos méritos de Cristo – o Rei e Esposo
da Igreja -, somos participantes do novo povo de Deus, membros da Igreja e
amados pelo Senhor, o qual é exemplo de entrega, inclusive no tocante à missão
dos maridos:
«Maridos, amai as vossas mulheres como Cristo
também amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de santificar pela palavra
aquela que Ele purifica pelo banho da água. Pois Ele quis apresentá-la a si
mesmo toda bela, sem mancha nem ruga ou qualquer reparo, mas santa e sem
defeito» (Ef 5, 25-27).
Voltando à parábola das companheiras prudentes e
das descuidadas, percebe-se que a utilização de lâmpadas era um acessório também
costumeiro naquele tipo de ritual. Portanto, todas já estavam devidamente
avisadas. O que não significava que todas se encontravam preparadas.
Neste sentido, Nosso Senhor e Esposo da Igreja
não deixa, pelo Evangelho, a humanidade orientada quanto a Sua segunda vinda?
Fazendo parte do mesmo «Sermão Escatológico», registrado no Evangelho de Mateus,
pode-se ler e ouvir: «Ficai certos: se o dono de casa soubesse a que horas
da noite viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que sua casa fosse arrombada.
Por isso, também vós, ficais preparados! Pois na hora em que menos pensais, virá
o Filho do Homem» (Mt 24, 43-44). Então, o que estamos esperando para
compormos, com alegria e esperança, o grupo das pessoas cuidadosas para com as
promessas de Deus?
A Igreja de Cristo é a esposa real que espera e
clama, sem cessar, por este encontro definitivo; e ela não está sozinha: «O
Espírito e a Esposa dizem: “Vem”! Aquele que ouve também diga: “Vem”! Quem tem
sede, venha e quem quiser, receba, de graça, a água vivificante» (Ap 22,17). Por
isso, para «sentirmos com a Igreja» e correspondermos às escolhas de Deus,
precisamos desta «água vivificante» sobre nós, qual um despertador da sonolência
provocada pela imprudência e todos os outros tipos de pecado.
Vinde, Espírito Santo, e nos desperte a uma
esperança ativa e previdente, capaz de possuir um testemunho, no mínimo,
suficiente para sermos salvos pela Misericórdia Divina e sinais deste amor neste
mundo! Obrigado, Senhor, por nos revelar que agora é o tempo da esperança. É
tempo do amor! É tempo de conhecer o Esposo e a Esposa.
É tempo do óleo do testemunho! Pois, se para as
privilegiadas companheiras da parábola não houve mais tempo suficiente nem
tampouco desculpas fiáveis quando o noivo se manifestou, por que não haveríamos
de ouvir aquelas temíveis palavras: «Em verdade vos digo: não vos conheço!» (Mt
25, 12)?
Sendo assim, sem medo, mais cheios de esperança e
prudência, ouçamos a Palavra d’Aquele que veio para nos salvar e nos acolher no
banquete escatológico. Se não fosse assim, Ele não insistiria tanto em dispor,
ainda no tempo, estas e outras Palavras de vida eterna, verdadeiro alimento de
esperança, servido, principalmente, na Mesa da Palavra: «Portanto, vigiai, pois
não sabeis o dia nem a hora» (Mt 25, 12).
Padre Fernando Santamaria
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