O remédio para vencer nossos medos
Postado por: homilia
julho 14th, 2012
Na leitura de hoje, vemos que Cristo nos liberta
do medo. Como as enfermidades, os temores podem ser agudos ou crônicos.
Os medos agudos são determinados por uma situação
de perigo extraordinário. Como surgem de improviso, assim desaparecem com o
cessar do perigo, deixando apenas uma má recordação. Não dependem de nós e são
naturais.
Mais perigosos são os medos crônicos, os que
vivem conosco, os quais levamos desde o nascimento ou a infância, pois se tornam
parte de nosso ser e, por vezes, acabamos até os “acariciando”.
Jesus deu um nome às ansiedades mais comuns do
homem: “Que vamos comer? Que vamos beber? Com que vamos nos vestir?”
(Mt 6,31). A ansiedade converteu-se na enfermidade do século e é uma das causas
principais da multiplicação dos infartos.
Vivemos na ansiedade, no medo irracional do
desconhecido. Temer sempre, esperar, sistematicamente, o pior e viver sempre
numa palpitação. Se o perigo não existe, a ansiedade o inventa; se existe,
agiganta-o.
A pessoa ansiosa sofre sempre duas vezes:
primeiro, na previsão; depois, na realidade. O que Jesus, no Evangelho, condena
não é tanto o simples temor ou a justa solicitude pelo amanhã, mas,
precisamente, a ansiedade e a inquietude. “Não vos preocupeis - diz
- com o amanhã. A cada dia se basta com seu próprio mal”.
O remédio para nossas inseguranças se resume em
uma palavra: confiança. Confiar em Deus, crer na providência e no amor do Pai
celeste. “Quanto a vós, até os vossos cabelos da cabeça estão contados. Vós
valeis mais que muitos pardais”. A verdadeira raiz de todos os temores é o
de encontrar-se só. Esse contínuo medo da criança de ser abandonada.
Jesus nos assegura justamente isso: não seremos
abandonados. “Se minha mãe e meu pai me abandonam, o Senhor me
acolherá” (Salmo 27,10). Ainda que todos nos abandonem, Ele não o fará. Seu
amor é mais forte que tudo.
O Senhor quer nos libertar dos temores, mas Ele
não tem um só modo para fazê-lo, mas dois. Ele nos tira o medo do coração ou nos
ajuda a vivê-lo de maneira nova, mais livre, fazendo disso uma ocasião de graça
para nós e para os demais.
Deus mesmo quis fazer essa experiência. No Horto
das Oliveiras, está escrito que Ele experimentou a tristeza e a angústia. O
texto original sugere a ideia de um terror solitário, como de quem se sente
isolado do consórcio humano, numa solidão imensa. Ele as quis experimentar
precisamente para redimir também este aspecto da condição humana. Desde aquele
dia, vivido em união com Ele, o medo – especialmente o da morte – tem o poder de
nos levantar em vez de nos deprimir, de nos fazer mais atentos aos demais, mais
compreensivos. Em uma palavra: mais humanos.
Jesus Cristo está comigo. A quem temerei?
Assaltem-me as vagas e a cólera dos grandes: tudo isso não vale, sequer, o peso
de uma teia de aranha, porque Ele está comigo e o Seu báculo me enche de
confiança.
Padre Bantu Mendonça
Nenhum comentário:
Postar um comentário