A escola da misericórdia e comunhão
Postado por: homilia
julho 6th, 2012
O Evangelho de hoje tem como contexto as diversas
manifestações do poder de Deus em Jesus Cristo. Por isso, ao chamar um
publicano, ou seja, alguém considerado pecador público, o Senhor acaba por
revelar o tipo de poder que, realmente, Lhe é próprio: o amor
misericordioso!
Jesus Cristo, como revelador do Pai das
Misericórdias, na unção do Espírito Santo, não somente chamou a Mateus –
“Segue-me” (v.9) -, mas aceitou entrar em sua casa e tomar a refeição com ele e
muitos outros convidados, que também eram desprezados pelos líderes religiosos
do Seu tempo.
Interessante o texto também dizer que, juntamente
a Jesus, estavam os Seus discípulos; tanto assim, que foram eles os questionados
pelos que se autodenominavam “justos”, “Por que vosso mestre come com os
cobradores de impostos e pecadores” (v.11). Quem respondeu a questão foi o
próprio Jesus, não como uma pessoa intrometida num assunto que não lhe diz
respeito, mas como a Razão fundamental do ser e do agir do discípulo: “Aqueles
que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes” (v.12). Desta maneira,
o senhor se apresenta como o Médico dos médicos, que veio sarar a todos,
inclusive aqueles que O escutam com um coração fechado à revelação plena do Amor
que salva, cura e liberta! Quer pior doença?
Jesus Cristo não veio para alguns, mas para
todos, uma vez que não existe um ser humano naturalmente são depois que o pecado
entrou no mundo. Até a Virgem Maria, criada imaculada, somente o foi por
aplicação antecipada dos méritos de Cristo! Um milagre, tendo em vista a
Encarnação do Verbo! Deus assim O quis! Também ela teve de passar pela escola da
misericórdia e da comunhão. Com certeza, nunca houve melhor aluna tornada
mestra!
Por isso, ouvir, hoje e sempre, de Jesus e
“aprendei pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’” (v.13),
significa que Ele não esteve contra os sacrifícios rituais, tampouco ciente de
que esta vida pede sacrifícios habituais. Mas revela-se opositor da prática de
qualquer rito ou ato humano vazio do verdadeiro amor. Também quer dizer que a
nossa escola de misericórdia e comunhão comum será sempre o ser e agir do
próprio Cristo. Ele não somente ensina, mas, pela ação do Espírito Santo, nos
capacita à escuta e à prática da Palavra. Quanto à matrícula? Não é necessário a
competição ou vigílias para conseguir uma vaga, apenas crer e reconhecer que o
próprio Jesus preencheu, com o mistério de sua vida, Paixão, Morte e
Ressurreição, o indispensável para sermos admitidos em Sua Igreja, sinal e canal
de misericórdia e comunhão.
Sei que não merecemos tanto! Mas Ele nos ama,
porque nos ama mereceu tudo isso e muito mais para nós! Basta agora, livremente
aceitar-se amado (a) e assinar com uma vida, a qual se deixa melhorar pelo amor
de Deus. E mais: será preciso não nos esquecermos de que, infelizmente, ainda
somos ou estamos pecadores, porque pecamos. E quando isso acontecer, retomemos o
aprendizado, ainda que seja humilhante por parte das nossas fragilidades. Mas
não tem por que ficar no pecado nem perder a esperança, pois “De fato, eu
não vim para chamar os justos, mas os pecadores” (v.13).
Numa escola assim, as férias são desnecessárias,
pois o ano letivo começa nesta vida e a formatura nos aguarda em Céu Novos e
numa Terra Nova! (cf. 1Pd 1,3-5).
Padre Fernando Santamaria
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