
Público lotou a Catedral para o velório de dom Eugenio, morto na segunda-feira
Foto: José Carlos Pereira de Carvalho/vc repórter
Foto: José Carlos Pereira de Carvalho/vc repórter
O corpo do cardeal dom Eugenio Sales será enterrado nesta quarta-feira, às 15h, em uma cripta no chão da Catedral Metropolitana, no Rio. Desde a tarde de terça-feira, acontecem missas de corpo presente abertas ao público, com intervalo de duas horas. A primeira desta quarta aconteceu às 6h. Durante a madrugada, a vigília aconteceu na Capela do Santíssimo Sacramento, que fica atrás do altar.
No local onde o corpo de dom Eugenio ficará já está enterrado seu antecessor, o cardeal dom Jaime Câmara, morto em 1971. Também está enterrado no local o monsenhor Ivo Antonio Calliari, idealizador da Catedral do Rio. O governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral confirmou presença no sepultamento.
Durante o velório, o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, afirmou que a morte de seu predecessor é vista como um "momento triste, mas bonito". Segundo o arcebispo, com o falecimento "é hora de se fazer uma retrospectiva da vida do homem que pensou na Igreja e no povo". Ele destacou diversas qualidades de dom Eugenio, lembrando que ele foi um dos responsáveis pela vinda da Jornada Mundial da Juventude, no próximo ano, para a cidade do Rio de Janeiro.
"Ele volta para a casa do Pai, carregado dos bens que cultivou na terra, onde atuou com imenso destaque na evangelização, saúde, educação, e no social. Tinha preocupação com as favelas, com a política durante a ditadura", enumerou.
Dom Eugenio Sales morreu na noite de segunda-feira no Rio de Janeiro aos 91 anos, vítima de infarto. O arcebispo emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro tinha histórico de problemas cardíacos e usava um marca-passo. Ele morreu em sua casa, no Sumaré, na zona oeste da capital fluminense.
Trajetória religiosa
Nascido em Acari, no Rio Grande do Norte, em 8 de novembro de 1920, dom Eugenio de Araújo Sales era o mais antigo cardeal da Igreja Católica, segundo informação da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Nascido em Acari, no Rio Grande do Norte, em 8 de novembro de 1920, dom Eugenio de Araújo Sales era o mais antigo cardeal da Igreja Católica, segundo informação da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Dom Eugenio foi ordenado sacerdote em Natal, em 21 de novembro de 1943, e bispo em 15 de agosto de 1954. Foi promovido a Arcebispo Primaz do Brasil em 29 de outubro de 1968, tomando posse como arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro em 24 de abril de 1971, sendo nomeado pelo papa Paulo VI.
Sua renúncia foi solicitada em 1997, quando chegou aos 75 anos. Mas por indulto especial do papa João Paulo II, seu amigo pessoal, foi autorizado a permanecer à frente da arquidiocese até completar 80 anos. Sua aposentadoria foi finalmente aceita no dia 25 de julho de 2001.
O religioso ficou conhecido por assumir a defesa de refugiados políticos dos regimes militares do Brasil e dos países vizinhos entre 1976 e 1982. Montou uma rede de apoio a estes refugiados juntamente com a Cáritas brasileira e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, que consistia em abrigá-los, inicialmente na Sede Episcopal (Palácio São Joaquim) e posteriormente em apartamentos alugados.
Dom Eugenio foi responsável pelo financiamento de estadia de refugiados, até que estes conseguissem asilo político em outros países. Existe uma estimativa de mais de 4 mil asilados ajudados pelo cardeal.
Segundo a Arquidiocese fluminense, seu lema, fundamentado na Carta de São Paulo aos Coríntios, foi: "Impendam et Superimpendar" (2Cor 12,15: "De muito boa vontade darei o que é meu, e me darei a mim mesmo pelas vossas almas, ainda que, amando-vos mais, seja menos amado por vós").
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