sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Santo do Dia compartilhou a própria foto.
7 h · 
São João Esmoler
(23 de Janeiro)
O Santo, cuja festa a Igreja hoje celebra, nasceu em Amathunt, cidade da ilha de Chypre. Os pais eram ricos e de família mui considerada. Entrado em anos, surgiu em João o desejo de dedicar-se ao estado clerical. Como os pais não concordassem com esta idéia, para não os contrariar, casou-se com uma donzela virtuosa. A morte arrebatou-lha pouco depois e João pode realizar o plano, havia muito tempo acariciado.
Alguns anos depois, morreu o patriarca de Alexandria e a vontade do povo e do imperador elevou João à dignidade de seu sucessor. O novo patriarca preenchia perfeitamente todos os requisitos que São Paulo exige de um bispo da Igreja Católica. A escolha não podia ser melhor. João não era possuidor de uma ou outra virtude, mas era homem perfeito. Chegando a Alexandria, preparou-se para a sagração, fazendo retiro espiritual e planejando uma grande obra de caridade. Mandou que se fizesse sindicância de 7.500 pobres, existentes na cidade. As quartas e sextas-feiras eram dias que pertenciam aos pobres e necessitados, por ele chamados. “seus senhores”. Conservava a casa então aberta para todos que o quisessem procurar.
Certa ocasião em que se dirigia à igreja, uma pobre mulher se lhe prostrou aos pés, pedindo proteção contra o genro. Os companheiros do patriarca, diante daquele espetáculo, repreenderam a mulher, dizendo-lhe que viesse em outra hora. João, porém, disse-lhes: “Como poderia esperar que Deus ouvisse as minhas orações, se não quisesse atender a esta mulher ?”
Um pobre infeliz a quem o patriarca tinha dado uma boa esmola, externou-lhe a gratidão em expressões extremamente exageradas. O prelado interrompeu-o dizendo: “Meu filho não derramei meu sangue por ti, como fez Nosso Senhor Jesus Cristo”.
Um negociante tinha perdido grande parte da sua fortuna num naufrágio e recorreu à caridade do Santo. Mais duas vezes teve o mesmo infortúnio; com a confiança com que se dirigia a João, com a mesma liberdade este o auxiliou.
A caridade do Santo Patriarca não se limitava à sua diocese de Alexandria. Grande número de famílias cristãs que o furor dos Persas tinha expulsado, encontraram carinhosa recepção no Egito. Sabendo que os infiéis se tinham apoderado de Jerusalém, mandou para lá muito mantimento e dinheiro, para socorrer os cristãos na reconstrução das Igrejas demolidas. Cristãos que tinham caído em poder dos Persas, tiveram em João seu libertador. Se sua caridade exigia grandes dispêndios, a Divina Providência incumbia-se de abrir-lhe sempre novas fontes de recurso, quando a providência humana parecia chegado ao termo.
O amor ao próximo correspondia em João a um grande rigor contra a sua própria pessoa. A mesa, a roupa, os móveis, enfim tudo que era de seu uso pessoal, trazia o caráter da pobreza. Disto não fazia exceção o próprio cobertor da cama, que um amigo do bispo fez desaparecer, em troca de um novo. Para mostrar-se grato à generosidade, João usou-o na primeira noite. No dia seguinte, porém, já estava vendido em proveito de outros, que necessitavam de coisa mais necessária. O doador do presente, vendo-o à venda, comprou-o outra vez e indo ter com o Bispo, deu-lho dizendo: “Quero ver quem de nós dois se cansa primeiro”.
Ao lado de sua atividade no campo da caridade, o patriarca não descuidava da administração da diocese. Extremamente econômico no uso do tempo, as horas estavam divididas e tinham cada uma seu destino, fosse para a oração, o estudo ou para o trabalho. Se acontecia, alguém em sua presença falar desfavoravelmente do próximo, dava à conversa um outro rumo. A caluniadores vedava a entrada em sua casa e tanta repugnância que lhe inspirava aquele vício.
Santidade é inconcebível sem que exista o fundamento, que é a humildade. Quem o tivesse ouvido falar a seu próprio respeito, teria levado a impressão de estar diante de um homem que se tinha em conta miserável, imprestável e orgulhoso. A lembrança constante do juízo divino causava-lhe um desapego completo de tudo que era deste mundo.
Uma conseqüência deste desapego foram a mansidão e grande paciência, que o Santo revelava em todas as circunstâncias. Usando de rigorosa disciplina na formação do seu caráter, chegou a adquirir uma quase insensibilidade em face das contrariedades, que se lhe apresentavam. Dizia-se feliz, vendo-se no meio de sofrimentos que, conforme sua convicção, lhe aumentavam os merecimentos.
João possuía, em sua mansidão, o segredo de acalmar espíritos excitados. Certa vez o prefeito tomou umas deliberações mais ou menos vexatórias contra os pobres. Sem que com isso tivesse contado, o Patriarca fez-se advogado dos desventurados, o que não pouco irritou o ânimo do magistrado. Pela tardinha recebeu do Bispo o seguinte recado: “O sol está para inclinar”. O prefeito compreendeu perfeitamente a alusão destas palavras ao dito da Sagrada Escritura: “O sol não se deite sobre a vossa ira”; imediatamente foi ter com o prelado e prometeu não dar ouvidos mais àqueles, que o queriam levar a praticar uma injustiça.
Muito incomodado com uma inimizade, que sabia existir entre dois seus amigos, convidou a um deles para assistir à santa Missa, que em determinado dia ia celebrar. Antes da Missa o Bispo pediu ao cavalheiro que o acompanhasse na recitação do Padre Nosso. Tendo ambos chegado às palavras: “Perdoai-nos as nossas dívidas”, o Bispo parou, deixando ao outro recitar sozinho. Notando a perturbação do amigo, o Bispo tanto insistiu, até que este se resolveu a fazer as pazes com o desafeto.
Para seu rebanho era o Bispo um bom pastor, que tudo fazia para afastar dele o perigo da heresia. Convidado a fazer uma visita ao imperador de Constantinopla, João pôs-se a caminho, em companhia de Nicetas. Quando chegaram a Rhodes, o Patriarca teve um aviso de Deus, sobre a iminência de sua morte. Em vista disto, interrompeu a viagem e disse ao companheiro: “Não posso visitar o imperador, visto que sou chamado pelo Rei dos reis”. De Rhodes passou a Chipre, onde morreu, em 619, com sessenta e quatro anos de idade.
Reflexões:
A virtude predominante na vida deste Santo foi a caridade. Foi a força motriz de todas as obras de misericórdia, de que vemos a vida de São João Esmoler tão rica. A verdadeira caridade não se inspira na vaidade, no sentimentalismo ou na simpatia pessoal. Antes podemos dizer que os limites da caridade são lá, onde começa o amor próprio. “Tudo que desejares que os outros te façam, deves fazer-lhes”.(Lc.6, 31). Guiado por este princípio evangélico, São João administrava a caridade a todos os homens, sem distinção de pessoa. Com mansidão e amabilidade tratava a todos, justos e pecadores, conseguindo desta maneira a conversão de uns e a santificação de outros. Pais e educadores devem convencer-se de uma coisa: Não é com aspereza, rigor excessivo e zelo imoderado que se colhem bons resultados: - antes pela mansidão, pela paciência, pela caridade e tratabilidade. Tanto o coração da criança como do adulto aspira amor: com caridade tudo se alcança. Para ganhar os corações para Cristo, é preciso que procuremos ser tudo para todos. Quem quer ter uma idéia da verdadeira caridade, leia as seguintes palavras de São Paulo sobre esse assunto: “A caridade – diz ele – é paciente e bondosa; não é invejosa, não age com imoderação; não é presunçosa e não tem ambição; não procura seu proveito; não é irascível; a caridade não malicia; não folga com a iniqüidade e alegra-se com a verdade.Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo sofre”. (1. Cor. 13-4-7).
O bem que fazemos ao próximo, deve ser feito por motivos sobrenaturais. Muitos dão esmolas e socorrem ao próximo por inclinação e bondade naturais. Mera filantropia, não tem valor perante Deus. Jesus Cristo ensina-nos a verdadeira caridade, querendo que no pobre, no doente, no necessitado, vejamos sua pessoa. Tudo que de bem fazemos ao próximo por amor de Jesus Cristo, é por este aceito, como se a Ele próprio o tivéssemos feito. No dia do juízo ele dirá aos eleitos: “Vinde, benditos de meu Pai, e possuí o reino, que vos foi preparado desde o princípio do mundo: porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era estrangeiro e me recebestes; estava nu e me vestistes; doente e me visitastes, no cárcere e me socorrestes”. Os justos responder-lhe-ão: “Senhor, quando foi que tivestes fome, e vos demos de comer ?...” E o Rei dir-lhe-á: “Em verdade vos digo: todas às vezes que fizestes isso ao menor dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes”. Deus não olha para o que se dá, mas para a intenção com que a esmola é dada. A motivos meramente humanos, quando a caridade cristã não tem em mira outra coisa senão a glória de Deus.

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