São Silvestre I
(31 de Dezembro)
São Silvestre encerra o ano civil. Ele encerra também , na história da Igreja uma época importante e inicia uma nova era. Durante três séculos a Igreja de Deus esteve exposta às mais cruéis perseguições.
O império romano empregava todo o seu poder para aniquilar o reino de Deus; o sangue corria em torrentes. Esforçavam-se em regra para inventar novos tormentos. Além disso, astúcia, lisonja, seduções, tudo quanto pode cegar os sentidos, tudo o que a arte e a ciência terrenas podem proporcionar, estava a serviço desta luta - e tudo debalde. A Igreja permaneceu ilesa, a despeito de todos os planos, afrontando tudo. Os seus membros morriam aqui e ali, mas a Igreja continuava a viver, e sempre novos elementos entravam, para preencher as lacunas. Por fim o império romano se curvou diante de Cristo e colocou a Cruz sobre o seu diadema e o sinal de Cristo sobre a água de suas legiões. Cristo tinha vencido na possante peleja, e o Papa Silvestre I viu como tudo mudava. Viu o suplício da cruz ser abolido. Viu cristãos confessarem livre e francamente a sua fé e erigirem casas de Deus. Viu o próprio imperador Constantino edificar o palácio (Lateranense), que durante muitos séculos foi a residência do Vigário de Cristo.
Sobre a vida interior exterior do Papa S. Silvestre a história muito pouco de positivo revela, se bem que como certo afirme, que tenha ele sido a alma dos grandes acontecimentos verificados no seu longo Pontificado.
Segundo o testemunho de historiadores fidedignos Silvestre nasceu em Roma, filho de pais ótimos cristãos, que bem cedo o confiaram aos cuidados do sacerdote Cirino, cujo preparo intelectual e exemplo de vida santa fizeram com que o discípulo adquirisse uma formação extraordinariamente sólida cristã. Estava ainda em preparação última, isto é, a décima e de todas as mais bárbaras das perseguições dioclesianas, quando Silvestre, das mãos do Papa Marcelino, recebeu as ordens sacerdotais. Teve, pois, ocasião de presenciar os horrores desta investida do inferno contra o Reino de Cristo. Pode ele ser e foi testemunha ocular do heroísmo das pobres vítimas do furor desmedido do tirano coroado. Em 314, por voto unânime do povo e do clero foi proposto para ocupar a cadeira de São Pedro, como sucessor do papa Melquíades.
Com a vitória do cristianismo e a conversão do imperador Constantino viu-se o Papa diante da grande tarefa de, por meio das sábias leis, introduzir a religião cristã na vida dos povos, dando-lhe formação concreta e definitiva. A paz, infelizmente não foi de longa duração. Duas terríveis heresias se levantaram contra a Igreja, arrastando-a para uma luta gigantesca de quase um século de duração. Foi a dos Donatistas, que tomou grande incremento na África. A Igreja, ensinavam eles, deve compor-se só de justos; no momento em que seu grêmio tolera pecadores, deixa de ser a Igreja de Cristo. O batismo administrado por um sacerdote que em estado de pecado se acha, é inválido. Um bispo, se estiver com um pecado na alma, não pode crismar nem ordenar sacerdotes. Caso que administrar estes sacramentos, são eles inválidos.
Pior e mais perigosa foi a outra heresia, propalada pelo sacerdote Ario, da Igreja de Antioquia. Doutrinava este heresiarca que a Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem, faltavam as atribuições divinas; isto é, não era consubstancial ao Pai, portanto não era Deus, mas mera criatura, de essência diversa da do Pai e de natureza mutável.
Tanto contra a primeira como contra a segunda o Papa Silvestre tomou enérgica atitude. A dos Donatistas foi condenada no Concílio de Arles. O arianismo teve sua condenação no célebre Concílio de Nicéia (325), ao qual compareceram 317 bispos. O Papa Silvestre, já muito idoso pessoalmente não podendo comparecer à grande Assembléia, fez-se nela representar por dois sacerdotes de sua inteira confiança, que em seu lugar presidiram as sessões. Estas terminaram com a soleníssima proclamação dogmática da fórmula: " O Filho é consubstancial ao Pai; é Deus de Deus; Deus verdadeiro de Deus Verdadeiro; gerado, não feito, da mesma substância com o Pai".
As resoluções do Concílio o Papa Silvestre as assinou. Na presença de 272 bispos foram as mesmas em Roma solenemente confirmadas. Esta cerimônia teve lugar diante da imagem de Nossa Senhora Alegria dos Cristãos, cujo altar, em sinal de gratidão à Maria Santíssima o Papa mandara erigir logo que as perseguições tinham chegado ao seu termo.
Sobre o túmulo de São Pedro, o Papa, auxiliado pelo imperador, construiu a magnífica basílica vaticana, com suas oitentas colunas de mármore, templo que durante 1100 anos via chegar milhares e milhares de peregrinos provenientes de todas as partes do mundo, ansiosos de prestar homenagens ao "Rochedo", sobre o qual Cristo tinha edificado a sua Igreja - até que deu lugar à atual grandiosa Basílica de São Pedro.
Durante seu Pontificado, o Papa Silvestre governou a Igreja de Deus dando sobejas provas de prudência e sabedoria, glorificando-a com as virtudes de uma vida santa e apostólica.
Reflexões:
As coisas sempre se repetem na história. Plena paz sobre toda a terra o reino de Deus jamais desfrutou. O inferno tem-lhe ódio demais para o deixar sossegado. Há de empregar sempre o seu poder para combater contra este reino. Despertará ora aqui, ora ali, perseguidores, que recomeçarão a obra dos antigos imperadores romanos e sempre com o mesmo êxito.
Não estamos vendo em nossos dias como se persegue a Igreja violentamente? Muitos hão de tremer e exclamar: Aonde vai parar isto? Assim grita também aquele que, pela primeira vez, assiste a uma tempestade no mar. Quando vê as ondas se elevarem à altura de uma casa, quando o navio é atirado ora para este, ora para aquele lado, ora sobe para o céu, ora parece precipitar-se no abismo, ele julga que tudo está perdido, que chegou a sua última hora. O piloto experiente, por'm, senta-se calmamente em seu posto e dirige o navio, apesar do tumulto da tempestade e eis que o temporal amaina e depois do perigo passado a viagem é tanto mais bela.
Quem sabe o que traz o ano novo? E se trouxer luta e perseguição, Deus vive ainda mais nos tempos antigos. E vem de novo um Papa como Silvestre, que vê as lutas já passadas e se senta em paz sobre a Sé de Pedro. Jamais devemos tornar-nos pusilânimes. Não confiemos em nossa força; o nosso auxílio está no Nome do Senhor, que criou o céu e a terra.
Na verdade, não devemos por isso cruzar os braços e pensar: Deus há de arranjar isso. Certamente Deus há de arranjar tudo; mas Ele quer que nós também façamos o que de nós depende e quer abençoar nosso trabalho. Ele quer que defendamos com fidelidade e firmeza a nossa Igreja; quer que tomemos parte em todas as suas lutas e seus sofrimentos, que pelejemos juntamente com ela, para com ela vencer. Ele quer abençoar, mas quer também que o lavrador plante e cultive. Se o mesmo deixa de fazê-lo, a bênção de Deus é em vão, o campo só produz erva daninha. E se o homem ou o povo deixa de viver com a Igreja, esta certamente não perecerá, a Palavra do Senhor no-lo garante, mas aquela parte pode muito bem ser devastada. Não temos os mais tristes exemplos na Ásia e na África? Aqueles países em torno do Mediterrâneo, que pertenciam ao Império Romano, eram por assim dizer, o jardim da Igreja.
Basta lembrar-nos de Atanásio, Basílio, Crisóstomo, Cipriano e Agostinho! Onde a Igreja produziu mais belas flores? E agora? Agora tudo é deserto. Por que? Porque os povos não tinham vivo interesse pela Igreja, não a defendiam, não viviam, não amavam, não sofriam, não lutavam com ela. Assim acontece sempre e por toda a parte. Por isso, permaneçamos fiéis à nossa Igreja! Defendamo-la decididamente!
A Vós, adorável Senhor, recomendamos a vossa Santa Igreja no ano novo! Guardai-a sob vossa proteção! Amparai-a e dai-lhe paz! Abençoai seu trabalho junto dos seus filhos e também das ovelhinhas que ainda não estão no aprisco do Divino Pastor, mas precisam ainda ser trazidas para aí. Protegei e esclarecei nossos bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e todos aqueles que se consagraram ao vosso serviço. Amém!
(31 de Dezembro)
São Silvestre encerra o ano civil. Ele encerra também , na história da Igreja uma época importante e inicia uma nova era. Durante três séculos a Igreja de Deus esteve exposta às mais cruéis perseguições.
O império romano empregava todo o seu poder para aniquilar o reino de Deus; o sangue corria em torrentes. Esforçavam-se em regra para inventar novos tormentos. Além disso, astúcia, lisonja, seduções, tudo quanto pode cegar os sentidos, tudo o que a arte e a ciência terrenas podem proporcionar, estava a serviço desta luta - e tudo debalde. A Igreja permaneceu ilesa, a despeito de todos os planos, afrontando tudo. Os seus membros morriam aqui e ali, mas a Igreja continuava a viver, e sempre novos elementos entravam, para preencher as lacunas. Por fim o império romano se curvou diante de Cristo e colocou a Cruz sobre o seu diadema e o sinal de Cristo sobre a água de suas legiões. Cristo tinha vencido na possante peleja, e o Papa Silvestre I viu como tudo mudava. Viu o suplício da cruz ser abolido. Viu cristãos confessarem livre e francamente a sua fé e erigirem casas de Deus. Viu o próprio imperador Constantino edificar o palácio (Lateranense), que durante muitos séculos foi a residência do Vigário de Cristo.
Sobre a vida interior exterior do Papa S. Silvestre a história muito pouco de positivo revela, se bem que como certo afirme, que tenha ele sido a alma dos grandes acontecimentos verificados no seu longo Pontificado.
Segundo o testemunho de historiadores fidedignos Silvestre nasceu em Roma, filho de pais ótimos cristãos, que bem cedo o confiaram aos cuidados do sacerdote Cirino, cujo preparo intelectual e exemplo de vida santa fizeram com que o discípulo adquirisse uma formação extraordinariamente sólida cristã. Estava ainda em preparação última, isto é, a décima e de todas as mais bárbaras das perseguições dioclesianas, quando Silvestre, das mãos do Papa Marcelino, recebeu as ordens sacerdotais. Teve, pois, ocasião de presenciar os horrores desta investida do inferno contra o Reino de Cristo. Pode ele ser e foi testemunha ocular do heroísmo das pobres vítimas do furor desmedido do tirano coroado. Em 314, por voto unânime do povo e do clero foi proposto para ocupar a cadeira de São Pedro, como sucessor do papa Melquíades.
Com a vitória do cristianismo e a conversão do imperador Constantino viu-se o Papa diante da grande tarefa de, por meio das sábias leis, introduzir a religião cristã na vida dos povos, dando-lhe formação concreta e definitiva. A paz, infelizmente não foi de longa duração. Duas terríveis heresias se levantaram contra a Igreja, arrastando-a para uma luta gigantesca de quase um século de duração. Foi a dos Donatistas, que tomou grande incremento na África. A Igreja, ensinavam eles, deve compor-se só de justos; no momento em que seu grêmio tolera pecadores, deixa de ser a Igreja de Cristo. O batismo administrado por um sacerdote que em estado de pecado se acha, é inválido. Um bispo, se estiver com um pecado na alma, não pode crismar nem ordenar sacerdotes. Caso que administrar estes sacramentos, são eles inválidos.
Pior e mais perigosa foi a outra heresia, propalada pelo sacerdote Ario, da Igreja de Antioquia. Doutrinava este heresiarca que a Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem, faltavam as atribuições divinas; isto é, não era consubstancial ao Pai, portanto não era Deus, mas mera criatura, de essência diversa da do Pai e de natureza mutável.
Tanto contra a primeira como contra a segunda o Papa Silvestre tomou enérgica atitude. A dos Donatistas foi condenada no Concílio de Arles. O arianismo teve sua condenação no célebre Concílio de Nicéia (325), ao qual compareceram 317 bispos. O Papa Silvestre, já muito idoso pessoalmente não podendo comparecer à grande Assembléia, fez-se nela representar por dois sacerdotes de sua inteira confiança, que em seu lugar presidiram as sessões. Estas terminaram com a soleníssima proclamação dogmática da fórmula: " O Filho é consubstancial ao Pai; é Deus de Deus; Deus verdadeiro de Deus Verdadeiro; gerado, não feito, da mesma substância com o Pai".
As resoluções do Concílio o Papa Silvestre as assinou. Na presença de 272 bispos foram as mesmas em Roma solenemente confirmadas. Esta cerimônia teve lugar diante da imagem de Nossa Senhora Alegria dos Cristãos, cujo altar, em sinal de gratidão à Maria Santíssima o Papa mandara erigir logo que as perseguições tinham chegado ao seu termo.
Sobre o túmulo de São Pedro, o Papa, auxiliado pelo imperador, construiu a magnífica basílica vaticana, com suas oitentas colunas de mármore, templo que durante 1100 anos via chegar milhares e milhares de peregrinos provenientes de todas as partes do mundo, ansiosos de prestar homenagens ao "Rochedo", sobre o qual Cristo tinha edificado a sua Igreja - até que deu lugar à atual grandiosa Basílica de São Pedro.
Durante seu Pontificado, o Papa Silvestre governou a Igreja de Deus dando sobejas provas de prudência e sabedoria, glorificando-a com as virtudes de uma vida santa e apostólica.
Reflexões:
As coisas sempre se repetem na história. Plena paz sobre toda a terra o reino de Deus jamais desfrutou. O inferno tem-lhe ódio demais para o deixar sossegado. Há de empregar sempre o seu poder para combater contra este reino. Despertará ora aqui, ora ali, perseguidores, que recomeçarão a obra dos antigos imperadores romanos e sempre com o mesmo êxito.
Não estamos vendo em nossos dias como se persegue a Igreja violentamente? Muitos hão de tremer e exclamar: Aonde vai parar isto? Assim grita também aquele que, pela primeira vez, assiste a uma tempestade no mar. Quando vê as ondas se elevarem à altura de uma casa, quando o navio é atirado ora para este, ora para aquele lado, ora sobe para o céu, ora parece precipitar-se no abismo, ele julga que tudo está perdido, que chegou a sua última hora. O piloto experiente, por'm, senta-se calmamente em seu posto e dirige o navio, apesar do tumulto da tempestade e eis que o temporal amaina e depois do perigo passado a viagem é tanto mais bela.
Quem sabe o que traz o ano novo? E se trouxer luta e perseguição, Deus vive ainda mais nos tempos antigos. E vem de novo um Papa como Silvestre, que vê as lutas já passadas e se senta em paz sobre a Sé de Pedro. Jamais devemos tornar-nos pusilânimes. Não confiemos em nossa força; o nosso auxílio está no Nome do Senhor, que criou o céu e a terra.
Na verdade, não devemos por isso cruzar os braços e pensar: Deus há de arranjar isso. Certamente Deus há de arranjar tudo; mas Ele quer que nós também façamos o que de nós depende e quer abençoar nosso trabalho. Ele quer que defendamos com fidelidade e firmeza a nossa Igreja; quer que tomemos parte em todas as suas lutas e seus sofrimentos, que pelejemos juntamente com ela, para com ela vencer. Ele quer abençoar, mas quer também que o lavrador plante e cultive. Se o mesmo deixa de fazê-lo, a bênção de Deus é em vão, o campo só produz erva daninha. E se o homem ou o povo deixa de viver com a Igreja, esta certamente não perecerá, a Palavra do Senhor no-lo garante, mas aquela parte pode muito bem ser devastada. Não temos os mais tristes exemplos na Ásia e na África? Aqueles países em torno do Mediterrâneo, que pertenciam ao Império Romano, eram por assim dizer, o jardim da Igreja.
Basta lembrar-nos de Atanásio, Basílio, Crisóstomo, Cipriano e Agostinho! Onde a Igreja produziu mais belas flores? E agora? Agora tudo é deserto. Por que? Porque os povos não tinham vivo interesse pela Igreja, não a defendiam, não viviam, não amavam, não sofriam, não lutavam com ela. Assim acontece sempre e por toda a parte. Por isso, permaneçamos fiéis à nossa Igreja! Defendamo-la decididamente!
A Vós, adorável Senhor, recomendamos a vossa Santa Igreja no ano novo! Guardai-a sob vossa proteção! Amparai-a e dai-lhe paz! Abençoai seu trabalho junto dos seus filhos e também das ovelhinhas que ainda não estão no aprisco do Divino Pastor, mas precisam ainda ser trazidas para aí. Protegei e esclarecei nossos bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e todos aqueles que se consagraram ao vosso serviço. Amém!
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