sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
O que dizer sobre o suicídio?
Por mais debilitada e fraca que seja a vida, ela é um belo dom de Deus.
A Igreja sempre ensinou que não somos proprietários da nossa vida, e sim Deus, por isso não podemos pôr fim a ela.
“Cada
um é responsável por sua vida diante de Deus, que lhe deu e que dela é
sempre o único e soberano Senhor. Devemos receber a vida com
reconhecimento e preservá-la para honra dele e salvação de nossas almas.
Somos os administradores e não os proprietários da vida que Deus nos
confiou. Não podemos dispor dela” (Catecismo da Igreja Católica § 2280).
Por
isso, o suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a
conservar e perpetuar a própria vida. É gravemente contrário ao justo
amor de si mesmo. O suicídio ofende também o amor do próximo, porque
rompe injustamente a comunhão com as pessoas amadas da família e da
sociedade. E, muitas vezes, a família pode ficar desamparada com a morte
do pai ou da mãe. E, sobretudo, ele [suicídio] é contrário ao amor do
Deus vivo.
A prática do suicídio torna-se mais grave ainda se for
usado como exemplo, especialmente para os jovens, para justificar que a
vida não tem sentido e que por isso se pode eliminá-la. Uma mentalidade
pagã que tem como único sentido para a vida o prazer, e quando este não
é possível, pode querer suprimi-la. Cooperar com o suicídio de alguém é
também falta grave. Infelizmente, alguns filósofos ateus propunham e
ainda propõem essa prática [suicídio] diante de uma vida que consideram
um absurdo e sem sentido. A vida humana, por mais debilitada e
fraca que seja, é um belo dom de Deus, ensinava o saudoso Papa João
Paulo II; e de forma alguma pode ser eliminada pela pessoa.
Infelizmente,
hoje há “clínicas para matar” em países como a Holanda, Bélgica e
Suíça, onde o “suicídio assistido” é legal. Então a pessoa chega viva a
essas clínicas e sai morta delas. Uma gravíssima ofensa a Deus e à
sociedade. Nos Estados Unidos da América faleceu há pouco alguém que
ficou chamado de “doutor morte”, que inventou uma máquina para a pessoa
se suicidar “sem sofrimento”.
Os eleitores de Zurique, Suíça,
rejeitaram em 2010, em referendo, propostas para vetar o suicídio
assistido e o "turismo do suicídio", que é a chegada ao país de
estrangeiros em busca da morte. O suicídio assistido é permitido nesse
país desde 1941. Estrangeiros terminais vão ao país europeu para cometer
suicídio, aproveitando regras do país, um dos mais liberais do mundo.
(Folha de São Paulo, 16/5/2011).
Mas a Igreja reconhece que as
motivações ao suicídio podem ser complexas. Não podemos dizer que aquele
que se suicidou esteja condenado por Deus. Antigamente muitos pensavam
assim, mas a Igreja não confirma isso. Diz o Catecismo da Igreja
Católica que: “Distúrbios psíquicos graves, a angústia ou o medo grave
da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a
responsabilidade do suicida” (CIC § 2282).
Sabemos que um momento
grave de depressão, desespero, angústia prolongada, entre outros, podem
debilitar psiquicamente a pessoa de maneira tão grave que ela possa
buscar refúgio na morte, mesmo sem a desejar em si mesmo. Por isso a
Igreja recomenda rezar pela alma do suicida, sem se desesperar de sua
salvação.
Nosso Catecismo deixa claro que: “Não se deve
desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por
caminhos que só Ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento
salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida”
(CIC § 2283).
O importante, então, é não se desesperar com a
morte suicida da pessoa amada, mas oferecer a Deus por ela as orações e,
principalmente, a Santa Missa pela salvação e sufrágio de sua alma.
Na
biografia de São João Maria Vianney há um fato muito interessante. O
santo celebrava a Missa e notou uma senhora vestida de preto chorando no
fundo a igreja; seu marido havia se suicidado havia dias. No final da
Celebração Eucarística esse santo foi ao encontro dela e disse-lhe:
“Pode parar de chorar, seu marido se salvou, está no Purgatório. Reze
pela alma dele”. Quando ela quis saber como, o santo respondeu: “Você se
lembra que no mês de maio você rezava a Nossa Senhora, e ele, de vez em
quando rezava com você; por isso ele foi salvo, Nossa Senhora conseguiu
para ele a graça do arrependimento no último instante de vida”.
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