BROTA A VIDA
Publicado em 24 de outubro de 2012 \\ Artigos

O que nós semeamos adquire vitalidade sob a condição da morte. Pensamento contraditório. Pensemos. Semeamos sementes, não a planta. Nossa vida corporal é como uma semente, envolta no mistério do amor de Deus, Criador e Pai. Da morte Deus faz brotar a vida. Mistério! Ele nos participa a sua vida plena, a ressurreição. Porém, não voltamos a viver a mesma vida corporal de antes. A vida terrena passa. Nosso corpo vira pó.
Nosso Pai Criador nos enviou o seu Filho com a finalidade de nos tornar participantes do mistério de sua morte e ressurreição. É nos dado participar da sua vida, vida nova, vida no Espírito. Por mais que queiramos descobrir o mistério da vida nova, não conseguimos. Deixemo-nos amar por aquele que nos amou por primeiro. Nossa razão não alcança o mistério do amor. Antes é o amor de Deus generoso e gratuito que nos alcança.
Para quem cultiva a fé e constrói a esperança, a vida não é uma sucessão de ilusões e sim um aprendizado permanente. Na terra, porém, o tempo é muito curto e talvez consigamos aprender poucas lições evolutivas. É difícil para a nossa natureza aceitar a si, aos outros, a vida cheia de contradições. Sim, a vida está cheia de contradição. Como é difícil lidar com o ser humano. Além de limitados, corremos riscos de nos corromper quando a razão e a liberdade não são canalizadas para fazer o bem.
A morte significa renascimento de vida quando eu compreender que é meu egoísmo que precisa morrer para que o amor possa nascer em mim e ao meu redor. Esse é um dos sentidos do batismo, simbolizado pela água. A água é símbolo da vida divina. Mergulhados na água somos lavados do pecado e de todo mal. Purificados, emergimos para servir a Deus e ao próximo.
A morte não é fim, mas o fim de um ciclo, dando início a um novo itinerário evolutivo. Sem uma permanente reforma interior, correspondendo a morte ao egoísmo, ninguém consegue transformar a vida, fazendo dela um dom para si e para os outros. É doando-se que também se recebe. É morrendo que se ressuscita para a vida plena. Amar é viver. Amar é morrer.
Dom Aldo de Di Cillo Pagotto, Arcebispo da Paraíba
FONTE: cnbb.org.br
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